quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

O significado do amor

Todas as noites que eu levo os meninos pra cama, nos despedimos assim:

- Boa noite, Daniel, eu te amo.
- Eu "tinhamú" também!
- Boa noite, Victor, eu te amo.
- Boa noite, mamãe. Eu te amo também.

Mas ontem foi um pouco diferente:

- Boa Victor, eu te amo.
- Boa noite, mamãe. Eu também te amo....mas mamãe...o que é "te amo"?
- É que eu gosto muito muito de cuidar de você, de arrumar teu lanche pra escola, de trocar tua roupinha, de dar banho, de passear, de brincar, de ler livrinhos pra você e tudo o mais. E quando você não está perto, eu sinto muitas saudades. Entendeu?
- Sim.
- Então boa noite, meu amor.
- Mas mamãe...então eu te amo MESMO. E MUITO MUITO.

:):):)

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Acho que Danielzinho entende inglês!

Estávamos no meio de uma conversa sobre horário de dormir e, como já mencionado anteriormente, mamãe e papai conversam em inglês sempre. Os dois estavam prestando atenção ao impasse:

- Listen, Bert, it's almost 20h and they didn't even have dinner! They should be already in bed at this time!
- But it's not a problem if they go a little bit later to bed sometimes...
- I agree, but only on fridays and saturdays. Today is sunday and Victor has to go to school tomorrow and...(*)

Nisso, Daniel levanta o dedinho:

- E eu tenho que ir pra minha "quéchi" também!!!

Gente, mas não é fofo o meu neném? :)


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(*)
- Escute, Bert, já são 20h e eles ainda nem jantaram! Eles já deveriam estar na cama a essa hora!
- Mas não é um problema se eles forem um pouco mais tarde pra cama às vezes...
- Concordo, mas apenas às sextas e aos sábados. Hoje é domingo e amanhã Victor tem que ir pra escola e...

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Raising a bilingual child - Final

Voltando à ativa com o livro da Dra. Pearson, vamos tentar fazer uma análise resumida dos "problemas" enfrentados no desenvolvimento do bilinguismo infantil associados a outras pessoas e não às crianças.
Já notaram que muitas pessoas adoram dar opiniões não solicitadas sobre tudo o que se refere aos NOSSOS filhos? Com o bilinguismo não poderia ser diferente, certo? Até nós mesmos temos dúvidas, estimuladas ou não por esses palpites inconvenientes, não é mesmo? Vale lembrar que pediatras, professores, vizinhos, parentes e amigos NÃO SÃO ESPECIALISTAS EM BILINGUISMO!
Uma das dúvidas e medos mais frequentes é no que se refere ao "atraso" na linguagem, especialmente no idioma majoritário, porque tem sempre algum espírito-de-porco querendo melar nossa educação...rs rs rs. Mais pra frente vou escrever um texto sobre como lidar com esses CHATOS, mas por enquanto é melhor ver o que se sabe sobre o assunto para que nós mesmos tenhamos segurança com relação a isso.
Existem estudos falando sobre as desvatagens do bilinguismo sobre o monolinguismo? Sim, mas todos ultrapassados e com abordagens e metodologias falhas.

Comparar o número de palavras que um monolíngue e um bilíngue sabem já é um problema, pois isso não reflete o real conhecimento de todo o processo linguístico. E é isso, pura e simplesmente, o que a maioria dos testes faz.
É sabido que entre os 10 e 30 meses de idade, não existe difenrença significativa entre o número de palavras que uma criança monolíngue e outra bilíngue conseguem entender/falar (importante lembrar que existe é uma diferença individual normal entre todas as crianças e que pode variar MUITO). Em um estudo da década de 90, observou-se que crianças bilíngues, onde um dos idiomas era o japonês, tinham o vocabulário menor que os outros bilíngues e isso se deve ao fato de as palavras em japonês serem maiores e não a nada ligado à criança (palavras maiores=mais coisa pra aprender).
Além do fato mencionado acima, outros problemas existem quando tentamos comparar o desenvolvimento de linguagem entre mono e bilíngues, pois o mesmo resultado pode ter diferentes significados. Uma palavra faz parte de um par que consiste de um som e de um significado. Mas o que contamos nos testes? Os sons? Os significados? Os pares? Quando uma criança associa o som "D-O-G" com um animal peludo e que late, ela está associando o som ao significado, ao objeto, e criando um par som-significado. Já para uma criança que associa os sons "D-O-G" e "C-Ã-O" ao mesmo animal, existem 2 sons mas apenas um significado. Será que os pares "dog"-animal que late e "cat"-animal que mia podem ser medidos da mesma maneira que "dog" e "cão"-animal que late e "cat"e "gato"-animal que mia? Logo, podemos concluir que, no mínimo, aprender que cada coisa pode ter 2 ou mais nomes, demanda mais tempo que aprender um nome por objeto.
Complicado, né? Pros pequenos não é não. O difícil é nós entendermos um processo pelo qual não passamos!
Para tentar entender melhor essa "confusão", foi criado um teste onde se mede o número de palavras que a criança sabe em cada idioma separadamente e um "vocabulário conceitual total", para que se saiba quantos objetos a criança consegue nomear, independente do idioma utilizado. Bem, quando se fez essas correções, o resultado foi que se soube que o vocabulário expressivo em cada idioma nos bilíngues é menor que nos monolíngues, ou seja, existe um ligeiro "atraso" no desenvolvimento da fala das crianças monolíngues (vários autores dizem ser normal um "atraso"de 6 meses a 2 anos com relação aos monolíngues, mas essa diferença tente a ser menor quanto maior a idade da criança). Já no vocabulário conceitual total, ou seja, o total de objetos que a criança pode reconhecer e nomear independente de em qual idioma, é MUITO maior nos bilíngues! De bobos eles não têm nada!
Outra coisa importante é saber que a maioria das crianças bilíngues vai apresentar um dos idiomas de forma dominate e, quando se fazem testes comparando monolíngues e bilíngues em seu idioma mais forte, ainda existem diferenças, mesmo que poucas, em relação à gramática e ao uso de palavras, mas os bilíngues se sobressaem em outros detalhes, como descrição mais clara de sentimentos de personagens de um livro, assim como uma noção mais acurada de tempo-espaço envolvendo eventos e fatos.
E quanto à alfabetização? Estudos indicam que quando uma criança é alfabetizada em mais de um idioma, o idioma majoritário também é favorecido, ou seja, não procede o fato de algumas pessoas acharem que a alfabetização em mais de um idioma seja prejudicial e confunda a criança. Outro motivo de preconceito é sobre quando a alfabetização no idioma minoritário deva começar; a maioria das pessoas ligadas ao assunto acham que isso deve acontecer cerca de um ano depois da alfabetização na língua majoritária, mas isso é só "achismo" mesmo, sem nenhum embasamento científico. O que é fato é qua quando as crianças são alfabetizadas simultaneamente nos idiomas que já dominam na fala, ganham a vantagem de poderem ler no idioma minoritário e assim aumentar seu vocabulário e isso não atrasa o aprendizado do idioma majoritário. Muito pelo contrário: o ajuda!
Outro argumento contra o bilinguismo que escuto frequentemente diz respeito à "dupla-personalidade"ou "confusão cultural"que pode ser experimentada por meus filhos. Não existem estudos sobre o assunto, mas a maioria das pessoas criadas em bilinguismo são gratas pela oportunidade e relatam não ter problema algum de identidade cultural. As pessoas que não apreciaram o meio bilíngue em que cresceram, ligam à infância a experiências ruins, com pessoas que discriminavam o falar em um "idioma inferior" e/ou com pais rudes, agressivos ou ausentes e falantes do idioma minoritário.
De acordo com alguns historiadores, o "mito da superioridade monoglota" é muito recente e resultado de um patriotismo romantizado dos séculos 18 e 19, quando políticos e filósofos começaram a exaltar a superioridade de suas próprias pátrias e línguas. Atualmente o discurso a respeito da superioridade monolíngue é uma forma de desmerecer culturas "menos importantes".

Vou tentar resumir os 12 mitos e equívocos mais comuns a respeito de crianças bilíngues:

1. Crianças bilíngues começam a falar mais tarde - Sem evidência científica que comprove isso. Mono e bilíngues seguem o mesmo padrão de desenvolvimento normal (padrão esse que apresenta grande varianção);

2. Bilíngues são mais atrasados na escola - Na verdade os bilíngues tendem a ser mais adiantados na escola e estão "prontos" para alfabetização mais cedo que os monolíngues;

3. Crianças pequenas absorvem tudo como se fossem uma esponja - Crianças aprendem idiomas mais facilmente que adultos, mas não podemos ignorar o grande esforço que demanda dos pais para ajudarem uma criança a ser efetivamente bilíngue;

4. Bilíngues são como dois monolíngues em uma só pessoa - Bilíngues desenvolvem capacidades especiais que os monolíngues não têm, mas quase sempre vai existir um idioma dominante e os bilíngues escolhem em quais das línguas vão "operar"em cada momento;

5. A criança deve ter talento para idiomas para ser bilíngue - Aprender idiomas na infância não requer habilidades especiais, é algo que faz parte do desenvolvimento humano, como andar ou enxergar com dois olhos;

6. Se um bilíngue tem nota menor em um teste-padrão para monolíngues, isso significa que ele realmente seja menos capaz - A maioria dos testes não é apropriada para bilíngues e os resultados não devem ser levados em consideração;

7. Imigrantes resistem a aprender o idioma local - Normalmente o que ocorre é que o país não possui sistema de ensino adequado aos imigrantes;

8. Algumas línguas são mais primitivas que outras e o motivo pelo qual muitas pessoas falam inglês, por exemplo, é que a gramática é mais simples - Não existem idiomas mais "primitivos"que outros. Todas as línguas possuem complexidade mas são possíveis de serem aprendidas;

9. Falar um segundo idioma já é uma recompensa do trabalho que dá - Isso pode ser verdade, mas não podemos esperar que uma criança concorde conosco. Cabe a nós, enquanto pais, proporcionar a "recompensa";

10. Pais que não falam bem um idioma vão passar seus erros e sotaques a seus filhos - É verdade somente se a criança tiver apenas essa pessoa como fonte do idioma. Isso não ocorre quando há outros meios de ouvir a referida língua corretamente e sem sotaques;

11. Caso uma criança apresente um problema de linguagem, abandonando um dos idiomas vai ajudar a resolver o problema - NUNCA. Crianças que têm problemas com dois idiomas também o terão com apenas um;

12. Existe apenas um modo correto de criar um filho em bilinguismo - Os pais é que são os experts nesse campo. A única maneira errada de criar um filho bilíngue é não fazê-lo. Caso você ainda não tenha começado, já não é sem tempo, né? :):)




Que idioma você fala com seu(s) filho(s)?