terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Aula de português

- Papai, que cor é essa?
- Geel.
- Não, papai. É amarelo. Fala: AMARELO.
- AmaRRelo.
- Tá errado, papai! fala: AMA-RELO.
- AMARRELO.
- A-MA-RE-LO.
- A-MA-RRRRE-LO.
- Hmmm....MUITO BEM, PAPAI!!!

Isso é o que se chama de reforço positivo...hahahahaha

(Geel = amarelo)

I am tired

Aqui em casa é uma farofa de idiomas. Eu falo português com meus filhos, o pai fala em holandês e entre mim e meu marido, a língua é a inglesa. Holandês está em todo o lugar: nas ruas, na creche, na TV e, sendo assim, eu sou a única responsável por passar o aprendizado da minha língua-mãe. Falo exclusivamente em português e também coloco músicas infantis e DVD's do Brasil. Pra completar a salada, meus filhos vão estudar em escola internacional, onde o idioma é o inglês.

Por esse motivo eu resolvi também ligar a TV, vez por outra, em um canal infantil inglês.

Bem, no meio dessa zona lingüística está Victor. Quando ele começou a misturar os canais (português-holandês), eu comecei a ler sobre o bilingüismo. E me acalmei, pois vi que isso é normalíssimo. Também soube que meus esforços para ensinar inglês de forma passiva são inúteis.

Sabendo disso, sempre ignorei quando ele respondia as perguntas dos programas de TV em inglês, afinal era "só coincidência".

Uma vez também achei que foi por acaso que ele respondeu "BOTH"quando o pai uma vez perguntou qual dos dois livros ele queria que fosse lido.

Já que as pesquisas falam que não dá pra aprender desse modo, é acaso mesmo, concordam?

Pois é...

Ele tem seus momentos de choro e eu sempre falo pro pai que ele está cansado, afinal chato é o filho do vizinho, correto?

Semana passada, num desses momentos de choro, marido me perguntou qual era o problema e eu disse que não sabia (eu converso com meu marido apenas em inglês, só pra lembrar).

Victor pára de chorar por um momento e fala, em alto e bom tom para quem quisesse ouvir:

"- I AM TIRED!"

Uma frase completa, no momento correto e na situação certa.

E agora? como explicar isso???

(Both = ambos; I am tired = eu estou cansado)

Natal

O jantar de natal foi na casa da Susie, minha amiga luso-canadense. Victor e Jacob brincaram muito; Emma e Daniel ficaram mais quietinhos, mas também adoraram os presentes. O peixe assado estava uma delícia!

Pena que o alien, que havia invadido o corpo do meu filho há 2 dias atrás, não veio fazer outra visita :(

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Que susto!


Toda vez que chego num lugar com Victor, eu passo os olhos e avalio os possíveis "perigos". Feito isso, posso calcular, sem muita margem de erro, quanto tempo eu posso ficar nesse tal lugar. Costumo "pontuar" tudo: escada (-30 minutos), bibelôs pela sala (-10 minutos), balas e chocolates à vista (- 15 minutos), sofá claro e bebidas (- 60 minutos) e por aí vai.

Ontem não foi diferente. Fomos ao aniversário da Patrícia, minha nova amiga carioca, e já fui fazendo as contas ao chegar. Pedrinhas na entrada, escada e 2 gatos, árvore de natal com bolas e penduricalhos (!!!), cozinha aberta com portas e gavetas tentadoras, mesa cheia de coisinhas gostosas...ai, ai, o saldo final foi cerca de 5 minutos mas, para minha surpresa estupefada, ficamos 2 horas.E sem intercorrências!

Victor chegou e apertou a mão de todos, se apresentando à moda holandesa (aperto de mãos firme e rápido, ao mesmo tempo que se fala o nome); ele não derrubou nada, não subiu no sofá, não correu atrás dos gatos o tempo todo e, pasmem, não tentou subir a escada!

Comecei a me preocupar: alguma coisa não estava indo bem. Essa dúvida se tornou certeza quando as palavras "por favor"e "obrigado" começaram a sair da boquinha nas horas certas.

Na hora de comer, ele sentou no meu colo à mesa e não se jogou por cima dos pratos para pegar o que tinha do outro lado! ao invés disso, ele pediu EDUCADAMENTE o que queria. Até chamou a avó da casa de "oma" (vovó em holandês). Também não deu mordidinhas e jogou o resto no chão: ele comeu quase tudo que pegou.

Quando viu um pote de balas, ele pediu. Esperançosa, eu achei que ele estivesse voltando ao normal. Ledo engano: quando eu disse que ele poderia pegar apenas uma, ele OBEDECEU! e o mais grave foi que ele não pediu mais!

A prova final de que algo não ia bem foi a árvore de natal. Ao invés de correr pra arrancar as bolinhas, ele apenas exclamou:"oh, uma árvore de natal!" E SÓ!!!

Na hora de ir pra casa, ele me deu a mão para andar até o carro da Patrícia, que nos levaria à estação de trem. Nesse momento, pensei em pedir que nos levasse direto ao pronto-socorro, mas decidi que seria melhor passar em casa para deixar Daniel com o pai, afinal poderia ser caso de internação!

Chegando em casa, ele contou a respeito da festa pro pai e ainda aceitou beber o leite. Estava considerando, naquele momento, telefonar pra ambulância.

Quando já estava à beira do desespero, ele se joga no chão e começa a birra ao ver a escova de dentes e o pijama.

UFA! QUE ALÍVIO!

O alien que invadiu o corpo do meu filho voltou de onde tinha vindo e eu ganhei meu neném de volta :):):)

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Lembranças da primeira vez



Hoje o dia amanheceu branquinho. Uma camadinha fina de neve cobria todos os esqueletos de árvores, a grama e também os carros. Vim pela rua pensando que Marcelo e Carol, que chegam de visita semana que vem, vão adorar ver neve. Mas nem de longe imaginam como é frio...rsrsrs

Esperando o elevador encontro, saltitante e sorridente, um aluno de doutorado recém-chegado da Indonésia que me pergunta:
- Uau! você viu a NEVE???
Eu pensei que isso ainda não se pode chamar de neve porque ainda é uma coisinha branca bem modesta.Mesmo assim respondi, empolgada, por solidariedade à felicidade quase infantil do rapaz:
- Muito legal, né? eu adorei a primeira vez que vi neve também!
- Sim, eu estou esperando por esse momento desde que cheguei, há 3 meses :)
Ai ai, ele ainda vai aprender o que eu aprendi a respeito do inverno. A lista pode ser maior, mas as lições principais são essas que se seguem:
("prestenção" Marcelo e Carol)

1. A neve é fria. É isso que você sente quando tira a luva e pega um punhado "sem ninguém ver".
2. Quando você comprar sorvete ou qualquer outra coisa que seja congelada, NÃO precisa correr pela rua feito uma doida desvairada pra chegar em casa. NÃO VAI DERRETER.
3. Lavar o cabelo e sair NÃO é uma boa idéia. Caso isso seja extremamente necessário, certifique-se de que você não mexa no cabelo até que esse descongele novamente.
4. Não use tênis.
5. Use luvas e meias grossas e tente combinar com a cor do cachecol e do casaco.
6. Sacuda os sapatos e roupas ANTES de entrar em casa.
7. Não precisa colocar todos os casacos que você tiver de uma vez. Acredite: vai estar um frio do cacete, neve em todo canto e você transpirando em bicas.
8. Crianças e até bebês NÃO viram picolé; eles até gostam de passear empacotadinhos. Aí descobri que "sereno"não causa doenças;)
9. Andar de bicicleta em uma rua com gelo no chão escorrega e você pode ter um acidente.
10. Você pode deixar bebidas, carnes e sorvete no quintal.

Parece ÓBVIO, né? mas coisas óbvias você só "descobre"na prática....hahahaha

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Sorvete da manhã

Esse diálogo se passou ontem, entre mim e meu Victor, que completa 3 anos mês que vem:

- Victor, o que vc quer no café hoje?

Ele vai, abre a geladeira e fala:

- sorvete!!!
- Claro que não, meu amor, não é hora disso! é hora do café da manhã.
- Hoje eu não quero café da manhã; hoje eu quero SORVETE DA MANHÃ!

Meu filho não é lindo??? (e eu nada coruja, né?)

Será que vinga?

Cansei de ouvir essa pergunta minha vida toda. É uma expressão que serve pra muita coisa, acho. Serve pra saber se o filhotinho de gato que nasceu menorzinho que os outros vai viver; serve pra saber se uma idéia vai se tornar mais que uma idéia ou se vai morrer antes de existir de fato; serve pra saber se uma criança vai se adaptar a uma determinada escola ou situação etc.

Nesse caso, eu quero saber se um blog feito por mim vai ter continuidade.

Não tenho talento pra escrever e nem pra nada que seja arte. Queria contar, nem que seja para mim mesma, as histórias do dia-a-dia de uma família metade brasileira e metade holandesa vivendo na Holanda (por enquanto), mas nem sei se tenho disciplina, tempo ou talento pra isso também.

O que espero disso então?

Sei lá! vamos ver no que dá, né? :)

Que idioma você fala com seu(s) filho(s)?