segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
sábado, 18 de dezembro de 2010
Brincando com números
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
Jogo da memória em vários idiomas
E depois contam as cartas, em português, para ver quem ganhou.
sábado, 11 de dezembro de 2010
Natal nas ruas de Groninen
O mai legal foi essa árvore natalina feita de bicicletas. Isso mesmo: bi-ci-cle-tas!
Falta-me sensibilidade suficiente para decidir se a árvore da Lagoa é mais bonita, mas ninguém pode negar que essa aqui é a mais original e retrata muito bem Groningen. Como eu sempre disse: olhe para todos os lados (inclusive o de cima) antes de atravessar uma rua aqui. É bicicleta que não tem fim!
sábado, 27 de novembro de 2010
terça-feira, 23 de novembro de 2010
Rapidinhas
- É, olha só!
- E foi legal dormir na casa do Jacob e da Emma?
- Foi sim!
- E o que é isso? Quem te deu pasta de dentes?
- A moça, ué. Tem muito doce, depois tem que escovar os dentinhos..
- Tendi. E que calça é essa?
- Foi a Miss Susie que me "guivô".
* "Guivô" é o passado do verbo "to give". Você sabia? :)
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- Daniel, foi legal na creche hoje?
- Não.
- Por que? Você ficou com saudades da mamãe?
- Não.
- Do papai?
- Não.
- Da Thamy?
- Não.
- Do Victor?
- Não.
- Da oma?
Sussurando:
- Mamãe...você esqueceu uma pessoa da nossa casa!
- Foi? Quem?
- Liza, ué!
Voltando ao diálogo:
- Você ficou com saudades da Liza?
- SIM!!!!
* Pois é, afinal todo gato é um ser humano, ou não?
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- Victor, quarta-feira a mamãe vai chegar tarde.
- Quando é quarta-feira?
- Wednesday.
- Ah, tá bom. E quando é tuesday?
- Terça-feira.
- Então terça-feira você chega cedo, né?
*A escola tá matando a minha semana brasileira!
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De manhã é sempre um sono danado! Até pra colocar os sapatos...
- Mamãe, esse pé ta "wrong".
- O que, Victor?
- Esse pé tá "wrong", olha!
- Que que tem seu pé?
- Tá wrong...er, hmmm....tá ERRADO!
E desata a rir do próprio erro.
*Eu também estava com sono e nem tinha percebido a troca de idiomas, achava que era uma palavra "enrolada" pela lingua ainda sem o aquecimento do despertar...ha ha ha ha
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-Mamãe, Victor falou que eu "é"chato!
- Ele falou que "eu sou chato", né Daniel?
- Não, ele falou que EU é chato. Você não! Diz pra ele que eu não "é"chato, diz que eu "é" lindo!
- Victor, Daniel não é chato; ele é lindo, tá bom?
*Preciso de um tempo pra repensar minhas estratégias linguísticas...
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-Olha, mamãe, eu machuquei o "meu'" perninha!
- Victor, é "minha" perninha, mamãe já não te explicou? Perna é meninA, então é minhA.
- Mas EU sou meninO, então é MEU perninha! Você pode me dar um band-aid, por favor?
*Nao falei que tenho que repensar minhas estratégias?
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- Daniel, pára de puxar o rabo da gata!!!
- Mas mã-ãe, eu não tô fazendo nada: ela que tá se puxando!
*Tudo nessa vida é quEstão de referencial, certo?
sábado, 20 de novembro de 2010
E é Dilma no governo!
Inseridas nesses objetivos, cada uma das instituições criadas no último ano tem uma característica principal, que a diferencia das outras: desenvolvimento regional para um público popular (UFFS), integração com a Amazônia (Ufopa), com a América Latina (Unila) e com países de língua portuguesa na África, na Ásia e na Europa (Unilab). Mas tem, também, traços alinhados. O principal deles é que todas beneficiam, já na seleção, alunos que fizeram a maior parte do ensino médio em escolas públicas. Na UFFS, por exemplo, 91% têm esse perfil, e na Unila, 100%.
UNESCO: "BRASIL SOBE QUATRO POSIÇÕES NA CIÊNCIA"
RANKING MUNDIAL REVELA PAÍS EM 13º LUGAR; PATENTES AINDA SÃO POUCAS
terça-feira, 16 de novembro de 2010
December 2009, at work
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Saiu na Science!
Para quem não sabe, a Science é uma das mais respeitadas revistas científicas do mundo. E na edição de 15 de outubro de 2010 (bem fresquinha!), Jared Diamond, renomado cientista, escreveu um artigo – The Benefits of Multilingualism - comentando os últimos avanços no conhecimento sobre bi ou multilinguismo infantil. Quem estiver interessado em ver o artigo (ou algum dos artigos da bibliografia), deixe um endereço de email que eu posso tentar enviar (só não sei se da universidade eu tenho acesso a todos os artigos. E são todos em inglês). Muitas das informações contidas nesse trabalho já foram objeto de posts e comentários no blog, mas como saiu na Science, vale à pena repetir! Bem, vamos ao que interessa:
Os Benefícios do Multilinguismo
O multilinguismo - a habilidade de se comunicar em diversos idiomas – é uma coisa rara nos Estados Unidos e no Brasil, mas faz parte da vida cotidiana em várias partes do mundo. Existem lugares onde o normal é falar 2, 3, 4, 5 ou mais idiomas e o estranho é falar apenas um. Estudos recentes (1-5) mostram que crianças criadas em bilinguismo apresentam certos befícios cognitivos na infância e que o bilinguismo é também capaz de dar certa proteção ao indivíduo contra a demência provocada por Mal de Alzeheimer quando idoso.
A educação bilíngue gera controvérsia nos Estados Unidos até mesmo entre pais imigrantes que acreditam que seus filhos devem aprender apenas ingles para evitar que a criança fique “confusa” por aprender dois idiomas simultaneamente. Eu canso de escutar isso de brasileiros e não me surpreende, pois o Brasil também é um país monolíngue e o preconceito parece que “dá filhote”! Quando falo “preconceito” refiro-me a julgar sem ter meios para tal, sem ter informação correta. Ninguém faz por mal, é falta de conhecimento mesmo, afinal esse não é o nosso “normal”. E até os anos 60, as pesquisas mostravam que as crianças filhas de imigrantes e criadas em bilinguismo, adquiriam linguagem mais tardiamente e tinham vocabularies significantemente menores que seus pares monolíngues. Esses estudos podem ser descartados porque não levavam em consideração fatores importantes como nível educacional dos pais e situação sócio-econômicas. Mais recentemente e corrigidos esses fatores, não existem diferenças significativas em cognição e processamento de linguagem entre crianças bi e monolíngues (6-8).
Na verdade, a diferença mais clara nesses estudos mostra que os bilígues têm, na verdade, mais vantagens que desvantagens sobre os pares monolíngues. As nossas mentes são invadidas o tempo todos por diversos estímulos: sons, cheiros, visões, sentimentos sobre estado (dor, por exemplo) e posições das partes do nosso corpo e, para que possamos realizar alguma (qualquer) tarefa, precimos “desligar” 99% das percepções que nosso cérebro recebe e trabalhar com apenas 1% delas. Desse modo, para responder a uma pergunta ou para amarrar os sapatos, precisamos parar de prestart atenção a quase tudo que acontece a nossa volta para nos concentrar nessas determinadas tarefas. Isso se chama atenção seletiva, que envolve uma série de fatores chamada função executiva, e é desenvolvida durante os primeiros 5 anos de nossas vidas (9).
Pessoas multilingues têm um desafio maior que os monolíngues envolvendo a função seletiva; monolíngues que escutam uma palavra necessitam apenas buscar o seu significado dentro de um único sistema fonético e grammatical que está dentro de um único estoque linguistico. Bilíngues em português/italiano, por exemplo, mantêm estoques linguísticos distintos e, ao ouvir uma palavra como “burro” interpretam como um “animal” no contexto linguistic português e como “mateiga”no contexto italiano. Multilíngues que participam de conversas multilíngues têm que mudar de estoque linguistic o tempo todo. Imaginem que exercício cerebral fabuloso é esse!
Estudos recentes que testam a função executiva de acesso aos diferentes (ou único) estoque linguistico, mostram claramente a habilidade maior de lidar com mudanças das crianças multilíngues (1-3, 7, 8). Um exemplo é quando se mostram cartões com figuras de barcos ou de coelhos, que podem ser vermelhos ou azuis, com ou sem uma estrela em cima. Se o cartão tem uma estrela, a criança deve separar por cor (vermelho ou azul); se não existe a estrela, a separação deve ser por tipo de objeto (Coelho ou barco). Bilingues e monolíngues têm resultados semelhantes caso seja dada uma ordem e essa não mude (“separe por cor”). Quando a regra muda (”separe por tipo de objeto”), os multilíngues se saem muito melhor.
Outro estudo interessante foi feito por Kovács and Mehler (4,5), onde crianças monolíngues foram comparadas com as bilíngues desde o nascimento (quando os pais falam separadamente em diferentes idiomas com os filhos desde o nascimento) no seguinte teste: as crianças dos dois grupos eram condicionadas a ouvir uma trisílaba sem sentido (ex. “lo-lo-vu”) antes de aparecer a foto de um filhote de cachorro do lado esquerdo da tela do computador. Após 9 tentativas, todas as crianças olhavam automaticamente para o lado esquerdo da tela após ouvir a referida trisílaba, esperando ver a foto do filhote. Após isso, os pesquisadores passaram a apresentar uma trisílaba diferente (ex.”vu-lo-vu”) e o filhote aparecia ao lado direito. As crianças bilíngues “desaprenderam” a olhar para o lado esquerdo e aprenderam a olhar para o lado direito quando ouviam a nova “palavra”após apenas 6 tentativas. As monologues não foram capazes de realizar a “troca”, mesmo após 9 tentativas. Evidentemente, interagir com o pai e com a mãe usando dois idiomas distintos e mudando de estoque linguistic frequentemente, prepara melhor as crianças bilíngues a lidar com mudanças imprevisíveis de regras.
Mas sera que esses achados sugerem que os bilíngues são melhores em lidar com regras de linguagem como trocar de “lo-lo-vu” para “vu-lo-vu”? Bem sem aparente vantagem para quem ainda está na dúvida sobre criar os filhos em bilinguismo, não? Então vamos falar de situações práticas importantes como a proteção contra a demência do Mal de Alzheimer(10). Entre centenas de idosos no Canadá, os pacientes com Alzheimer que eram bilíngues demoraram cerca de 5 anos a mais que os monolíngues para apresentar os primeiros sintomas, significando isso, uma queda de 47% de chance de a pessoa apresentar Alzheimer antes de morrer (considerando expectative de vida de 79 anos).
Como isso pode ser? Simples regra que vale também para o cérebro: “use-o ou perca-o”. A mesma regra vale para outras funções que desempenhamos. É por isso que os atletas e os músicos treinam, certo? O bilinguismo é, sem sombra de dúvidas, uma forma de exercício constant do cérebro. De modo consciente ou inconsciente, o cérebro tem que decidir constantemente sobre falar, pensar ou interpreter sons de acordo com o idioma A ou B!
Ainda existem, obviamente, perguntas a serem respondidas pelos cientistas. Por exemplo, ser criado em bilinguismo nos dá 5 anos a mais de proteção contra Alzheimer, mas sera que aprender um terceiro ou quarto idioma aumenta isso? Teria uma pessoa que fala 5 idiomas 25 anos a mais de proteção? Se a criança não for criada em bilinguismo desde o nascimento, aprender um Segundo idioma na idade escolar faz com que ela alcance os mesmos benefícios? Quais os mecanismos específicos cerebrais envolvidos na proteção a Alzheimer?
Essas e outras questões emergentes ainda estão para serem estudadas…vamso torcer para que isso aconteça logo, mas acredito que já tenhamos os argumentos para nos empenhar em ajudar nossos pequenos brasileirinhos a falar o nosso português, certo?
Referências
1. 1. E. Bialystok, Dev Psychol. 46, 93 (2010)
2. 2. E. Bialystok, X. Feng, Brain Lang. 109, 93 (2009)
3. 3. E. Bialystok, M. Viswanathan, Cognition 112, 494 (2009)
4. 4. A.M. Kovács, J. Mehler, Science 325, 611 (2009)
5. 5. A. M. Kovács, J.Mehler, Proc. Natl. Acad. Sci. U.S.A. 106, 6556 (2009)
6. 6. E. Bialystok, Bilingualism and Development (Cambridge Univ. Press, New York, 2001)
7. 7. S.M. Carlson, A.N. Meltzoff, Dev. Sci. 11, 282 (2008)
8. 8. A. Costa, M. Hernández, N. Sebastián-Gallés, Cognition 106, 59 (2008)
9. 9. T. Shallice, From Neuropsychology to Mental Structure (Cambridge Univ. Press, Cambridge, 1988)
10. 10. E. Biaslytok, F. I. Craik, M. Freedman, Neuropsychologia 45, 459 (2007)
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
domingo, 10 de outubro de 2010
Vídeo game e dever de casa
sábado, 18 de setembro de 2010
Um dia tipicamente holandês
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Dores alheias
domingo, 5 de setembro de 2010
Pedalando em família
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
Outro post "nonsense" - Momento mau humor :x
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
As férias e o universo
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
Pergunta "nada a ver" com o blog
domingo, 15 de agosto de 2010
Esse vai seguir o exemplo do irmão!
sábado, 14 de agosto de 2010
Hierarquia
domingo, 1 de agosto de 2010
Temporariamente fora do ar - Out of order
sexta-feira, 9 de julho de 2010
Imigração, Choque Cultural e Saúde Mental
Desde que o mundo é mundo e que a espécie humana habita o planeta Terra, as migrações são fatos comuns e corriqueiros. A própria história da nossa civilização segue o viés das migrações humanas. Os primeiros aventureiros mais audaciosos, saíram do berço Africano para conquistar todos os outros continentes, há cerca de 90 mil anos, e nunca mais pararam. Com isso, foram transformando o nosso lar, chamado Terra, em uma casa de cômodos e, a cada cômodo foi dado um nome. O cômodo que eu morava antes de vir para cá se chama Brasil.
Hoje em dia, no nosso mundo globalizado, as movimentos humanos tomaram proporções nunca antes vistas na história da civilização humana. Estima-se que, por ano, cerca de 190 milhões de pessoas emigram e imigram ao redor do planeta; o número de imigrantes no mundo é mais que o dobro desde 1975; só na Europa são mais de 60 milhões de pessoas que vivem longe de seus países de origem; em 1990, os imigrantes já contavam como mais de 15% da população em cerca de 52 países. E a Organização Internacional de Migração prevê que o crescimento econômico e as políticas cooperativas emergentes entre os países europeus, vão aumentar ainda mais o movimento migratório nos próximos anos. Os países mediterrâneos, juntamente com o Reino Unido e Holanda são os que mais atraem imigrantes não-europeus, ou seja, grupos culturais mais distantes se comparados com o país que os recebe. Isso é um problema porque o contato entre pessoas de culturas diferentes durante o processo de adaptação e integração é tão maior quanto o são suas distâncias culturais.
De todas as mudanças que podem acontecer na vida de uma pessoa, poucas são tão impactantes e complexas quanto as mudanças ocorridas durante um processo de imigração. Praticamente tudo o que cercava o emigrante muda. Aspectos que vão desde alimentação, passando por relações familiares e sociais, idioma, cultura, status pessoal e social e até pelo clima são sujeitos à mudança. Mudar de país é comparável ao processo de luto. E pode-se dizer que o distress no imigrante é ainda pior que o luto por perda de um ente querido, uma vez que o objeto de luto (o país de origem) continua lá: vivo e, muitas vezes, inacessível. E nisso o processo de resolução do luto, nesse caso a integração ou aculturação, pode ser prolongado ou mesmo impossível de acontecer de modo completo.
As pessoas saem de seus países de origem por vários motivos diferentes, mas podemos resumir a imigração como sendo de duas formas: voluntária e involuntária. E já dá para imaginar que o imigrante involuntário, como por exemplo um refugiado de guerra ou asilado político, vai sofrer muito mais com a mudança do que uma pessoa que imigre para estudo, trabalho ou casamento, concordam? E não podemos esquecer dos imigrantes ilegais, que apesar de serem também voluntários, estão dentre os que mais vão ter problemas pelo fato de estarem constantemente preocupados com uma deportação e por terem se enganado em suas expectativas de ‘mudança de vida’. Mas não tem escapatória: todos os imigrantes, independente de seus motivos para deixarem a pátria, vão experimentar o ‘choque cultural’, ou seja, o imigrante vai , por causa do contato com uma cultura diferente, enfrentar problemas relacionados aos vários fatores estressantes que esse tipo de experiência carrega consigo.
O choque cultural foi inicialmente descrito em 1954 e é definido como o sentimento de impotência em lidar com o novo ambiente por causa do desconhecimento dos aspectos cognitivos, culturais e sociais que são estranhos ao indivíduo. Além do intenso stress causado pelas diferenças culturais, a fadiga cognitiva, consequência do excesso de informação, também vai ser importante fator causador de desequilíbrio na saúde psicológica e física do indivíduo. Além da linguagem verbal, a pessoa passa a se preocupar e se concentrar em tarefas que antes eram feitas automaticamente. Isso pode resultar em exaustão mental e emocional, que pode levar a um ‘burnout’. Dores de cabeça e o desejo de se isolar socialmente, especialmente ao fim do dia, são sintomas iniciais comuns.
Um dado consistente de pesquisas mostra que os imigrantes sofrem mais de distress emocional e apresentam saúde mental mais debilitada quando comparados à população nativa. O processo de adaptação à nova cultura é relacionado com maiores níveis de depressão, ansiedade, baixa auto-estima e outros problemas psicológicos. O distress pode causar também problemas orgânicos, relacionados à baixa imunidade, e dores no corpo. A pessoa preocupa-se muito com a saúde e pode sofrer de dores crônicas, por exemplo. Junte-se a isso perda de posição social e profissão que antes eram estáveis e conhecidas e temos uma verdadeira catástrofe emocional formada!
Os problemas de saúde mental são tão evidentes na população imigrante que, recentemente, os pesquisadores propuseram agrupar esse conjunto de sintomas, que se apresentam nas pessoas que imigraram e que têm um nível de stress maior do que suas capacidades de adaptação, na chamada ‘Síndrome do Stress Crônico e Múltiplo do Imigrante’ ou ‘Síndrome de Ulisses’. O manejo dessa síndrome está sendo considerado, em muitos países, como prioridade de saúde pública. Nessa recém-descrita entidade patológica, os imigrantes são afetados por sintomas depressivos de características atípicas, onde a depressão é misturada com sintomas de ansiedade, somatização e sintomas dissociativos. A tristeza é o achado mais comum, muitas vezes acompanhado por choro, culpa, idéias de morte, tensão, irritabilidade, insônia, dores de cabeça, fadiga, problemas de memória e de atenção e desorientação. Em casos mais graves, isso pode levar à quadros psicóticos, com perda de identidade e desorientação de tempo e espaço.
O desenvolvimento dos sintomas ocorre de forma gradual , à medida que o imigrante enfrenta problemas como viagem turbulenta e difícil, distância de seu ambiente e familiares, dificuldades de arrumar emprego e de suprir as necessidades básicas, achar moradia e regularizar os documentos. O racismo sofrido no país hóspede também é um fator desencadeante do processo.
Normalmente os problemas acontecem nos primeiros 12 meses, mas imigrantes que se adaptaram mais fácil e rapidamente, também correm risco de sofrer de ‘Síndrome da Depresão Postergada’ , que acontece cerca de 2 a 3 anos após a chegada do imigrante que parecia adaptado, com emprego, falante do idioma , com rede de amizade e moradia estabelecidas.
Na Holanda, um dos poucos países com dados sobre níveis de saúde física e mental em grupos de imigrantes comparado com nativos, é sabido que o primeiro grupo sofre mais de depressão, abuso de drogas, tentativas de suicídio, esquizofrenia e desordens psiquiátricas de menor importância que a população local. Além disso, a barreira cultural, sócio-econômica e de linguagem são fatores limitantes na procura de orientação profissional por parte de vários grupos de imigrantes. Em um estudo em escolas, também foi constatado que professores turcos imigrantes foram capazes de detectar altos níveis de de ansiedade e depressão entre crianças imigrantes de mesma nacionalidade. Esses problemas tinham passado desapercebidos pelo professores holandeses. Existe, portanto, uma necessidade de profissionais bilíngues e biculturais para o atendimento específico desses problemas. Mas como no país dos tamancos, especialmente na última década, a integração cultural é tratada como ‘assimilação’, ou seja, a cultura holandesa é imposta sem considerar as necessidades dos imigrantes, estamos em maus lençóis!
O primeiro passo para vencer o problema é aceitar que o choque cultural é normal em um ambiente cultural diverso e que existem maneiras de amenizá-lo e de fazer com que a adaptação ocorra mais tranquila e gradualmente. E como fazer para facilitar todo esse processo? Veja abaixo algumas dicas:
1. Reconhecer que a adaptação à uma nova cultura, também chamada de ‘aculturação’, é o processo de contrução de um novo ‘EU’, resultado do casamento do ‘EU’ antigo com algumas mudanças de hábitos sociais e cuturais. Não é preciso e nem saudável assimilar completamente a cultura do novo país. Uma sinergia de valores, hábitos e comportamento social seria o ideal;
2. Procure manter contato com os familiares e amigos de seu país. Arme-se de tecnologia: skype, emails, MSN e outras ferramentas modernas são válidas;
3. Tente cozinhar pratos típicos uma ou duas vezes por semana em casa. E você não é obrigado a gostar de comer pão de grãos com queijo e sopa no almoço todos os dias;
4. Faça visitas a seu país sempre que for possível, mas esteja consciente de que a volta pode ser difícil, mas que vai passar (de novo);
5. Mantenha contato com seu idioma através de TV por assinatura ou internet, amigos de mesma nacionalidade e leitura de livros, revistas e notícias em português. Mas cuidado! Não se isole nisso e tenha também contato com imigrantes de outras nacionalidades e holandeses;
6. Tente ver a experiência de imigrar de forma positiva, como uma oportunidade de aprender e de ganhar coisas igualmente positivas;
7. Tenha em mente que o problema não é especificamente desse país, mas sim do choque cultural, o que aconteceria em qualquer outro lugar;
8. Não encare como vergonha o fato de resolver voltar para casa. Encare como coragem, pois o choque de re-entrada pode ser de maior intensidade, embora de menor duração;
9. Não hesite em procurar ajuda psicológica, caso veja que as coisas não estão indo bem. E, se possível, tente achar um profissional que esteja familiarizado com problemas de grupos imigrantes.
Espero, sinceramente, caros leitores, que esse texto tenha sido útil. E hoje em dia, embora eu ainda sofra com as fases do choque cultural, tenho cada vez mais a certeza de que meu país se chama Terra. E o seu,
Adriana Mattos, em 08/05/2010.
quinta-feira, 24 de junho de 2010
Presente de Paris
quarta-feira, 16 de junho de 2010
Estréia da seleção
sábado, 12 de junho de 2010
Só para exemplificar
sexta-feira, 11 de junho de 2010
Independência ou sorte?
segunda-feira, 31 de maio de 2010
E lá se foi o segundo dentinho!
quinta-feira, 27 de maio de 2010
Dia das mães atrasado
terça-feira, 25 de maio de 2010
Bicicleta nova!
domingo, 23 de maio de 2010
Dia de sol
Victor até deu comida pra girafa!