segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

sábado, 18 de dezembro de 2010

Brincando com números

Daniel e Victor adoram números, sempre adoraram. Victor resolveu ensinar o irmão a fazer umas continhas e ele agora anda viciado na brincadeira. Temos que repetir e repetir e repetir.Quem tem criança de 3 anos sabe bem o que estou dizendo!
Ontem recebemos visita da oma, do tio Hans e tia Corina e do primo Roland. E começou a brincadeira com papai:

- Daniel, vijf plus drie? (5+3)
- acht! (8) Nog een keer! (de novo!)
- drie plus vier? (3+4)
- seven! (7) Nog een keer! (de novo!)

(...)
E por aí foi até que papai cansou e foi minha vez:

- Dois mais cinco?
- Sete! de novo!
- Quatro mais um?
- Cinco! de novo!
- Sete menos dois?
- Cinco! de novo!

(...)

E assim foi até que eu cansei e tio Hans resolveu tirar uma onda com a cara do meu neném:

- Daniel, vijfentwintig plus drie? (25+3)
- hmmm...er...hmmm

Nisso oma resolve ajudar e vai sussurando as respostas, até que ela cansou e eu passei a falar no ouvidinho dele:

- Daniel, vierendertig plus twee? (34+2)
- Trinta e seis.
- zesendertig! (36)

Só não contávamos com essa:

- Daniel, negenennegentig plus een? (99+1)
- Cem! - disse eu em seu ouvido.

E ele respondeu todo orgulhoso:

- NIETS! (nada)



* Eu ri sozinha e ninguém entendeu nada. Como explicar a um menino de 3 anos de idade a diferença entre "cem" e "sem" ???

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Jogo da memória em vários idiomas

Victor e Daniel jogam memória em português, holandês, inglês e até chinês! :)
E depois contam as cartas, em português, para ver quem ganhou.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Natal nas ruas de Groninen

Estávamos eu e Danielzinho passeando pelo centro de Groningen para ver as "novidades do natal". E não foi que encontramos?
O mai legal foi essa árvore natalina feita de bicicletas. Isso mesmo: bi-ci-cle-tas!
Falta-me sensibilidade suficiente para decidir se a árvore da Lagoa é mais bonita, mas ninguém pode negar que essa aqui é a mais original e retrata muito bem Groningen. Como eu sempre disse: olhe para todos os lados (inclusive o de cima) antes de atravessar uma rua aqui. É bicicleta que não tem fim!










sábado, 27 de novembro de 2010

Meu bebê tá escrevendo bem? :)

Olha o recadinho que ele me deixou. E ainda assinou "V"...he he he he



terça-feira, 23 de novembro de 2010

Rapidinhas

- Victor, quanto doce você ganhou de Sint Marteen!
- É, olha só!
- E foi legal dormir na casa do Jacob e da Emma?
- Foi sim!
- E o que é isso? Quem te deu pasta de dentes?
- A moça, ué. Tem muito doce, depois tem que escovar os dentinhos..
- Tendi. E que calça é essa?
- Foi a Miss Susie que me "guivô".

* "Guivô" é o passado do verbo "to give". Você sabia? :)



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- Daniel, foi legal na creche hoje?
- Não.
- Por que? Você ficou com saudades da mamãe?
- Não.
- Do papai?
- Não.
- Da Thamy?
- Não.
- Do Victor?
- Não.
- Da oma?
Sussurando:
- Mamãe...você esqueceu uma pessoa da nossa casa!
- Foi? Quem?
- Liza, ué!
Voltando ao diálogo:
- Você ficou com saudades da Liza?
- SIM!!!!

* Pois é, afinal todo gato é um ser humano, ou não?


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- Victor, quarta-feira a mamãe vai chegar tarde.
- Quando é quarta-feira?
- Wednesday.
- Ah, tá bom. E quando é tuesday?
- Terça-feira.
- Então terça-feira você chega cedo, né?

*A escola tá matando a minha semana brasileira!


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De manhã é sempre um sono danado! Até pra colocar os sapatos...

- Mamãe, esse pé ta "wrong".
- O que, Victor?
- Esse pé tá "wrong", olha!
- Que que tem seu pé?
- Tá wrong...er, hmmm....tá ERRADO!

E desata a rir do próprio erro.

*Eu também estava com sono e nem tinha percebido a troca de idiomas, achava que era uma palavra "enrolada" pela lingua ainda sem o aquecimento do despertar...ha ha ha ha


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-Mamãe, Victor falou que eu "é"chato!
- Ele falou que "eu sou chato", né Daniel?
- Não, ele falou que EU é chato. Você não! Diz pra ele que eu não "é"chato, diz que eu "é" lindo!
- Victor, Daniel não é chato; ele é lindo, tá bom?

*Preciso de um tempo pra repensar minhas estratégias linguísticas...


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-Olha, mamãe, eu machuquei o "meu'" perninha!
- Victor, é "minha" perninha, mamãe já não te explicou? Perna é meninA, então é minhA.
- Mas EU sou meninO, então é MEU perninha! Você pode me dar um band-aid, por favor?

*Nao falei que tenho que repensar minhas estratégias?

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- Daniel, pára de puxar o rabo da gata!!!
- Mas mã-ãe, eu não tô fazendo nada: ela que tá se puxando!

*Tudo nessa vida é quEstão de referencial, certo?

sábado, 20 de novembro de 2010

E é Dilma no governo!

Vamos falar um pouco de Brasil?
Nas últimas eleições presidencias, Dilma Rousseff, candidata do atual presidente Lula, papou essa! Eu estava com a respiração suspensa nas últimas semanas antes do segundo turno das eleições, mas foi com um alívio libertador que eu pude voltar a encher meus pulmões brasileiros com ares de esperança. Sim, vamos ter continuidade do governo passado (que ainda é presente por algumas semanas) e rumar, espero que por um caminho sem volta, para um país que se torna moderno, rico e, principalmente, com mais igualdade social para seu povo.
Os ganhos que o Brasil obteve nos últimos 8 anos de governo Lula são imensos, mas gostaria de enfatizar as vitórias nos campos de pesquisa científica e ensino superior.
Nosso presidente operário e "analfabeto" foi o que mais fez pelo ensino e pela pesquisa no nosso país. Presidentes anteriores, com diplomas pendurados na parede (que só serviram pra isso mesmo) e falantes perfeitos do nosso português e de mais alguns outros idiomas, não foram capazes nem de chegar aos pés do nordestino de origem pobre que não teve acesso ao ensino superior público.
No governo Lula, além do incentivo às universidades já existentes, foram criadas 14 novas instituições de ensino superior federais. Isso mesmo: QUA-TOR-ZE!!!
Sào cerca de 100 novos campi que garantem a inclusão social e acesso ao ensino superior a MILHÕES de nossos jovens. E a coisa melhor disso tudo é que a imensa maioria dos novos universitários é composta de egressos do ensino público!
Bem, meu sonho de consumo, como bem o sabem meus amigos mais próximos, é que as cotas universitárias sejam extintas. Eu gostaria que as universidades públicas aceitassem APENAS alunos egressos de ensino PÚBLICO. Daí acabam as cotas, vira regra! E é claro que, por conseguinte, todo o sistema escolar de ensino iria melhorar. Os professores seriam mais qualificados, os salários melhores, ia ter até giz! Sim: giz. Eu já trabalhei em escola pública que nem isso tinha, afinal quem liga pra escola de filho de pobre? Agora imaginem se as classes média e rica forem obrigadas a terem os filhos em escolas pública? Vai ter até microscópio pra aula de biologia :)
Leiam o trecho retirado de uma das muitas reportagens que circulam pela internet e pelos outros meios de comunicação sobre a criação dessas 14 universidades:
Segundo a secretária de Educação Superior do Ministério da Educação (MEC), Maria Paula Dallari Bucci, o objetivo das instituições seria "cobrir vazios de ensino superior no mapa do Brasil". As novas federais - ao todo, durante o governo Lula, foram 14 - nasceram a partir de projetos diferenciados de formação e para estreitar parcerias internacionais.

Inseridas nesses objetivos, cada uma das instituições criadas no último ano tem uma característica principal, que a diferencia das outras: desenvolvimento regional para um público popular (UFFS), integração com a Amazônia (Ufopa), com a América Latina (Unila) e com países de língua portuguesa na África, na Ásia e na Europa (Unilab). Mas tem, também, traços alinhados. O principal deles é que todas beneficiam, já na seleção, alunos que fizeram a maior parte do ensino médio em escolas públicas. Na UFFS, por exemplo, 91% têm esse perfil, e na Unila, 100%.
Pois é, as consequencias maiores serão colhidas a médio e longo prazo, mas valerão à pena. Mas já temos algumas mudanças muito boas no campo da pesquisa científica porque, de acordo com o relatório da UNESCO, o brasil evoluiu muito em Ciência e, pela primeira vez, ganhou um capítulo inteiro do estudo mundial!
sábado, 13 de novembro de 2010

UNESCO: "BRASIL SOBE QUATRO POSIÇÕES NA CIÊNCIA"
RANKING MUNDIAL REVELA PAÍS EM 13º LUGAR; PATENTES AINDA SÃO POUCAS
Catarina Alencastro – O GLOBO
O Brasil é o 13º maior produtor de ciência do mundo, segundo o Relatório UNESCO sobre Ciência 2010, divulgado esta semana.Em oito anos, o país subiu quatro posições no ranking de países que mais publicam artigos científicos, passando de 10.521 artigos publicados em 2000 para 26.482 em 2008. O documento elogia a evolução da pesquisa no país, mas aponta também problemas como o baixo número de patentes e a fuga de cérebros: pesquisadores que só encontram no exterior boas oportunidades de emprego.
Pois é, outras reportagens falam ainda que o presidente não cumpriu a promessa de investir 2% do PIB em ciência (investiu apenas 1,1%) até o final do governo, mas mesmo assim o investimento foi maior que o de vários países europeus. E o número de artigos científicos MAIS QUE DOBROU! Acho que as oportunidades para o "retorno de cérebros" estão se abrindo...u-huuu!!! E os pessimistas que me perdoem, mas é a velha história do copo "meio cheio ou meio vazio". Contra FATOS não há argumento!
Resta agora, à nova presidência do Brasil, continuar com essa política de incentivo à Ciência e ao ensino superior público federal e ainda aumentar a parcela do PIB para a pesquisa, tecnologia e ensino (para que pelo menos acompanhe o crescimento econômico, que é enorme!). Junto a isso, melhora da educação básica pública (gostaram da idéia de só ir pra universidade pública os alunos das escolas públicas? Vai ter gente reclamando, especialmente dono de escola...rsrs)
Povo educado é povo consciente, é povo feliz, é povo que sabe lutar pelos seus direitos e pela igualdade social, que será então, mera consequencia desse processo de educação.
E pensar que quem iniciou tudo isos foi um nordestino de origem pobre e chamado de "analfabeto". Deve doer em muita gente, não é mesmo?
Eu considero o presidente Lula das pessoas mais inteligentes da face desse planeta; afinal, MESMO SEM EDUCAÇÃO FORMAL, ele fez o que fez. Ele chegou à presidência da república e saiu de cabeça erguida pela porta da frente.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

December 2009, at work


It is almost december again...this was a nice day at work.

A table outside the hospital restaurant:
Us! well, not all of us, just a sample. Small but signifcant :)
One side of the building- Y and X chromosomes:
Entrance:


segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Saiu na Science!

Para quem não sabe, a Science é uma das mais respeitadas revistas científicas do mundo. E na edição de 15 de outubro de 2010 (bem fresquinha!), Jared Diamond, renomado cientista, escreveu um artigo – The Benefits of Multilingualism - comentando os últimos avanços no conhecimento sobre bi ou multilinguismo infantil. Quem estiver interessado em ver o artigo (ou algum dos artigos da bibliografia), deixe um endereço de email que eu posso tentar enviar (só não sei se da universidade eu tenho acesso a todos os artigos. E são todos em inglês). Muitas das informações contidas nesse trabalho já foram objeto de posts e comentários no blog, mas como saiu na Science, vale à pena repetir! Bem, vamos ao que interessa:

Os Benefícios do Multilinguismo

O multilinguismo - a habilidade de se comunicar em diversos idiomas – é uma coisa rara nos Estados Unidos e no Brasil, mas faz parte da vida cotidiana em várias partes do mundo. Existem lugares onde o normal é falar 2, 3, 4, 5 ou mais idiomas e o estranho é falar apenas um. Estudos recentes (1-5) mostram que crianças criadas em bilinguismo apresentam certos befícios cognitivos na infância e que o bilinguismo é também capaz de dar certa proteção ao indivíduo contra a demência provocada por Mal de Alzeheimer quando idoso.

A educação bilíngue gera controvérsia nos Estados Unidos até mesmo entre pais imigrantes que acreditam que seus filhos devem aprender apenas ingles para evitar que a criança fique “confusa” por aprender dois idiomas simultaneamente. Eu canso de escutar isso de brasileiros e não me surpreende, pois o Brasil também é um país monolíngue e o preconceito parece que “dá filhote”! Quando falo “preconceito” refiro-me a julgar sem ter meios para tal, sem ter informação correta. Ninguém faz por mal, é falta de conhecimento mesmo, afinal esse não é o nosso “normal”. E até os anos 60, as pesquisas mostravam que as crianças filhas de imigrantes e criadas em bilinguismo, adquiriam linguagem mais tardiamente e tinham vocabularies significantemente menores que seus pares monolíngues. Esses estudos podem ser descartados porque não levavam em consideração fatores importantes como nível educacional dos pais e situação sócio-econômicas. Mais recentemente e corrigidos esses fatores, não existem diferenças significativas em cognição e processamento de linguagem entre crianças bi e monolíngues (6-8).

Na verdade, a diferença mais clara nesses estudos mostra que os bilígues têm, na verdade, mais vantagens que desvantagens sobre os pares monolíngues. As nossas mentes são invadidas o tempo todos por diversos estímulos: sons, cheiros, visões, sentimentos sobre estado (dor, por exemplo) e posições das partes do nosso corpo e, para que possamos realizar alguma (qualquer) tarefa, precimos “desligar” 99% das percepções que nosso cérebro recebe e trabalhar com apenas 1% delas. Desse modo, para responder a uma pergunta ou para amarrar os sapatos, precisamos parar de prestart atenção a quase tudo que acontece a nossa volta para nos concentrar nessas determinadas tarefas. Isso se chama atenção seletiva, que envolve uma série de fatores chamada função executiva, e é desenvolvida durante os primeiros 5 anos de nossas vidas (9).

Pessoas multilingues têm um desafio maior que os monolíngues envolvendo a função seletiva; monolíngues que escutam uma palavra necessitam apenas buscar o seu significado dentro de um único sistema fonético e grammatical que está dentro de um único estoque linguistico. Bilíngues em português/italiano, por exemplo, mantêm estoques linguísticos distintos e, ao ouvir uma palavra como “burro” interpretam como um “animal” no contexto linguistic português e como “mateiga”no contexto italiano. Multilíngues que participam de conversas multilíngues têm que mudar de estoque linguistic o tempo todo. Imaginem que exercício cerebral fabuloso é esse!

Estudos recentes que testam a função executiva de acesso aos diferentes (ou único) estoque linguistico, mostram claramente a habilidade maior de lidar com mudanças das crianças multilíngues (1-3, 7, 8). Um exemplo é quando se mostram cartões com figuras de barcos ou de coelhos, que podem ser vermelhos ou azuis, com ou sem uma estrela em cima. Se o cartão tem uma estrela, a criança deve separar por cor (vermelho ou azul); se não existe a estrela, a separação deve ser por tipo de objeto (Coelho ou barco). Bilingues e monolíngues têm resultados semelhantes caso seja dada uma ordem e essa não mude (“separe por cor”). Quando a regra muda (”separe por tipo de objeto”), os multilíngues se saem muito melhor.

Outro estudo interessante foi feito por Kovács and Mehler (4,5), onde crianças monolíngues foram comparadas com as bilíngues desde o nascimento (quando os pais falam separadamente em diferentes idiomas com os filhos desde o nascimento) no seguinte teste: as crianças dos dois grupos eram condicionadas a ouvir uma trisílaba sem sentido (ex. “lo-lo-vu”) antes de aparecer a foto de um filhote de cachorro do lado esquerdo da tela do computador. Após 9 tentativas, todas as crianças olhavam automaticamente para o lado esquerdo da tela após ouvir a referida trisílaba, esperando ver a foto do filhote. Após isso, os pesquisadores passaram a apresentar uma trisílaba diferente (ex.”vu-lo-vu”) e o filhote aparecia ao lado direito. As crianças bilíngues “desaprenderam” a olhar para o lado esquerdo e aprenderam a olhar para o lado direito quando ouviam a nova “palavra”após apenas 6 tentativas. As monologues não foram capazes de realizar a “troca”, mesmo após 9 tentativas. Evidentemente, interagir com o pai e com a mãe usando dois idiomas distintos e mudando de estoque linguistic frequentemente, prepara melhor as crianças bilíngues a lidar com mudanças imprevisíveis de regras.

Mas sera que esses achados sugerem que os bilíngues são melhores em lidar com regras de linguagem como trocar de “lo-lo-vu” para “vu-lo-vu”? Bem sem aparente vantagem para quem ainda está na dúvida sobre criar os filhos em bilinguismo, não? Então vamos falar de situações práticas importantes como a proteção contra a demência do Mal de Alzheimer(10). Entre centenas de idosos no Canadá, os pacientes com Alzheimer que eram bilíngues demoraram cerca de 5 anos a mais que os monolíngues para apresentar os primeiros sintomas, significando isso, uma queda de 47% de chance de a pessoa apresentar Alzheimer antes de morrer (considerando expectative de vida de 79 anos).

Como isso pode ser? Simples regra que vale também para o cérebro: “use-o ou perca-o”. A mesma regra vale para outras funções que desempenhamos. É por isso que os atletas e os músicos treinam, certo? O bilinguismo é, sem sombra de dúvidas, uma forma de exercício constant do cérebro. De modo consciente ou inconsciente, o cérebro tem que decidir constantemente sobre falar, pensar ou interpreter sons de acordo com o idioma A ou B!

Ainda existem, obviamente, perguntas a serem respondidas pelos cientistas. Por exemplo, ser criado em bilinguismo nos dá 5 anos a mais de proteção contra Alzheimer, mas sera que aprender um terceiro ou quarto idioma aumenta isso? Teria uma pessoa que fala 5 idiomas 25 anos a mais de proteção? Se a criança não for criada em bilinguismo desde o nascimento, aprender um Segundo idioma na idade escolar faz com que ela alcance os mesmos benefícios? Quais os mecanismos específicos cerebrais envolvidos na proteção a Alzheimer?

Essas e outras questões emergentes ainda estão para serem estudadas…vamso torcer para que isso aconteça logo, mas acredito que já tenhamos os argumentos para nos empenhar em ajudar nossos pequenos brasileirinhos a falar o nosso português, certo?

Referências

1. 1. E. Bialystok, Dev Psychol. 46, 93 (2010)

2. 2. E. Bialystok, X. Feng, Brain Lang. 109, 93 (2009)

3. 3. E. Bialystok, M. Viswanathan, Cognition 112, 494 (2009)

4. 4. A.M. Kovács, J. Mehler, Science 325, 611 (2009)

5. 5. A. M. Kovács, J.Mehler, Proc. Natl. Acad. Sci. U.S.A. 106, 6556 (2009)

6. 6. E. Bialystok, Bilingualism and Development (Cambridge Univ. Press, New York, 2001)

7. 7. S.M. Carlson, A.N. Meltzoff, Dev. Sci. 11, 282 (2008)

8. 8. A. Costa, M. Hernández, N. Sebastián-Gallés, Cognition 106, 59 (2008)

9. 9. T. Shallice, From Neuropsychology to Mental Structure (Cambridge Univ. Press, Cambridge, 1988)

10. 10. E. Biaslytok, F. I. Craik, M. Freedman, Neuropsychologia 45, 459 (2007)

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

domingo, 10 de outubro de 2010

Vídeo game e dever de casa

Bem, eu ando sem tempo de escrever posts, mas deixo registrado alguns vídeos recentes. Por esses dias eu volto pra postar alguns do Daniel também! :)





sábado, 18 de setembro de 2010

Um dia tipicamente holandês

Aqui na Holanda, pelo menos na universidade onde trabalho, os grupos têm um "Lab day" todos os anos. Durante esse dia festivo, os membros dos grupos de pesquisa passam o dia a fazer atividades juntos (dizem que é para estreitar os laços). Esse ano foi meu sexto "Lab Day" e achei tudo tão típico que resolvi documentar por aqui.

E por que eu digo que foi típico dia holandês?

Primeiro a começar pelo tempo. Estava um pouco frio (para os brasileiros eu diria MUITO frio) e choveu uma chuva chata o tempo todo. Isso é típico.
Segundo porque, mesmo com o mau tempo, nada foi cancelado e não tinha nenhum plano "B". O planejamento detalhado e falta de flexibilidade frente a algum problema também são típicos. O percurso de 8Km até o local do "evento" foi feito de bicicleta debaixo de chuva (quer coisa mais típica?). Eu fui logo tratando de pegar carona de carro com a Patrícia, outra brasileira do grupo.
O terceiro lugar em "tipicidade" foi para as atividades ao ar livre. Holandeses adoram o contato com a natureza e adoram fazer esforço físico...rsrsrs. O "grupão"foi dividido em grupos menores que iriam competir entre si. Tivemos que construir uma balsa e usá-la; corrida de obstáculos; arco e flexa; fazer uma torre de madeira e subir nela e mais outras coisas que eu não conseguiria explicar direito. Mas cada grupo ia em separado e um não via o que o outro fazia (cadê a graça?).
No quarto lugar ficou a preocupação ambiental. Já explico; vamos colocar num contexto:
Por causa das três razões anteriores, vocês já devem imaginar a situação do pessoal ao fim da tarde, certo? Bem, a maioria dos holandeses e nenhum estrangeiro (que deve ser a metade do grupo) levou toalha e roupas extras. Eu cheguei no salão de jantar molhada, suja de lama, com frio e cansada. Vi que o primeiro grupo já estava debaixo de um aquecedor de teto bem gostoso e todos tomavam cafés ou chás. Ótima idéia! Fui lá pedir meu capuccino! O rapaz do bar deixou o leite fervendo e espumante escorrer e molhou ao redor do copo de papel. Eu pedi um guardanapo para limpar e daí é que veio a preocupação ambiental: aqui nessa terra a coisa mais difícil de encontrar é guardanapo! Pode ser o quitute mais gorduroso do mundo, mas nada de guardanapo. Às vezes eles têm escondido e só dão UM, se a pessoa pedir; os outros que se contentem em lamber os dedos (e lambem!) ou limpar na roupa (e limpam!). Quem sai com criança leva uns lencinhos úmidos descartáveis para limpar os filhos e alguns até se aventuram na pia do banheiro, quando é possível.
Pois bem, voltando ao assunto do meu copo de papel sujo de leite quente, o rapaz do bar foi muito simpático e solícito e deu uma olhada em volta e disse que não tinham guardanapos e fez uma brincadeirinha sobre a importância de preservar a natureza (dããã), mas me pediu pra esperar um pouco. Daí ele entra por uma portinhola e sai alguns segundos depois segurando um bolinho de papel higiênico! Como já etsou acostuma com essa finesse tipicamente européia, aceitei, agradeci e limpei meu copo de papel com papel higiênico.

Viu como funciona a lógica holandesa? Guardanapos de papel poluem o ambiente e não devem ser usados ;)

Mas falando sério...apesar das tipicidades norte-holandesas, o dia foi agradável e divertido! (e essa semana tá cheio de gente de nariz entupido e com dor de garganta no trabalho)






quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Dores alheias

Na quinta passada Victor sofreu um acidente na escola, na aula de ginástica. Ele caiu de rosto num banco e cortou a testa, bem entre os olhos. Ainda bem que papai estava numa reunião na escola e foi ele e a professora que o levaram para o PS, onde os encontrei. Meu bebezão estava assustado e sangrava muito, foi bem profundo! Levou 2 pontos e hoje, 6 dias depois, o levamos para tirar a sutura. Eu estava com ele na maca, segurando suas mãos e fazendo usn carinhos para acalmá-lo. Daniel estava sentado no cólo do papai logo em frente. Daí a auxiliar da médica começou a puxar a linha para cortar e começamos a escutar (em português):

- Ai, hummm, ai, ai! Pára que eu tô com dor na barriga! Ai! não!!!! ui, ui!

Era Danielzinho sofrendo pelo irmão, tadinho!

Aí a moça diz pro Victor (em holandês):

- Nossa, você tem um irmão muito legal que gosta de você, não é, Victor?
- É, eu sei.

Bem, terminado o "serviço" fomos embora: Victor de testinha nova e Daniel ainda com cara de sofrimento.


domingo, 5 de setembro de 2010

Pedalando em família

E depois de mais de 6 anos de Holanda, eu sucumbi e resolvi deixar papai colocar uma cadeirinha na bicicleta. Victor já está expert na pedalagem (deve ser genético!) e terminou o percurso, de mais de uma hora, em melhores condições que mamãe.






sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Outro post "nonsense" - Momento mau humor :x

Todas as vezes que eu precisei entrar em contato com algum cientista no mundo (pra pedir artigo que eu não tinha acesso ou pra fazer uma pergunta), fui respondida rapidamente, em alguns minutos, horas ou no máximo 1 dia útil. O mesmo vale para telefonemas ou emails para repartições públicas ou particulares ao redor do mundo...MENOS PARA O BRASIL!!!

Por que será que NENHUM telefone de entidade pública brasileira NUNCA responde ou NUNCA está correto??? Os sites, quanto têm alguma informação útil, estão SEMPRE desatualizados!

E eu tão feliz por poder mandar um email no meu idioma e "trocar umas figurinhas" científicas e o cara nem "tchum" pra mim. Qual seria o motivo da falta de resposta ao meu email?

(a) O cara se acha o último biscoitinho do pacote e não troca emails com simples alunos de doutorado.
(b) O email não deve estar funcionando, afinal é de uma universidade pública brasileira e, portanto, NUNCA funciona ou está desatualizado.
(c) Deve ter tido apagão e o computador pifou.
(d) O cara não deve saber a resposta à minha pergunta porque o trabalho é de uma outra simples aluna de doutorado que já deve ter ido embora (ok, mas então pra que colocar o email do "big boss" pra correspondência?).
(e) Todas as respostas acima.
(f) Nenhuma das respostas acima. Justifique.


E dizem que grana é o único motivo do Brasil não estar "nas cabeças"em Ciência....

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

As férias e o universo

As férias desse ano foram bem aproveitadas. Victor está, já faz muito tempo, interessado pelas coisas do universo. Ele quer saber sobre os planetas, os astronautas, as estrelas e sobre tudo o mais que for relacionado a essas coisas. E também resolveu que vai ser astronauta, óbvio. E virou fã número 1 de "Star Wars"!

Já no avião, ele notou uma coisa interessante:

- Olha, mamãe! Eu estou vendo o planeta Terra lá "baixo"! Nós estamos no espaço!!!

E não houve como provar que ainda estávamos bem longe de entrar em órbita!

Pelo menos ele se distraiu quando sobrevoávamos a África, dando "tchau"pro amigo Amannuël, que estava de férias na Etiópia...he he he

Resolvemos ir levá-los ao Planetário da Gávea, que foi o ponto alto das férias (junto com a visita ao Lobo Mau do Zôo, claro). Victor ficou aborrecido por não ter um "foguete de verdade pra voar no espaço", mas a cúpula serviu pra enganar:

- Olha, mamãe! O céu tá mexendo!!!! estamos voando no espaço!!!! u-huuuuuu!!!!!

* Mais saldo positivo das férias: Daniel não usa mais mamadeira, chupeta e fralda diurna :)

O papo sobre as coisas do espaço continuam, ele realmente anda interessado e ontem mesmo, olhando pro céu, notou:

- Olha, mamãe, eu tô sentindo a Terra girar!
- Tá??? você está tondo, tá doente?
- Não! Olha lá as nuvens....tá vendo, mamãe? As nuvens parecem que "andam", mas a Terra é que está rodando!


Danielzinho cansado depois de um dia de travessuras.

Victor aproveitando o mar de Búzios.


Comendo um chocolatinho porque ninguém é de ferro e nem só de brócolis vivem as crianças!

Na cúpula do planetário antes de começar e ainda aborrecido porque não tinha foguete de verdade.


Brincando na nave espacial de mentira.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Pergunta "nada a ver" com o blog

Por que, cargas d'água, um sujeito publica um artigo científico em polonês? ou sueco? ou chinês? ou russo? Húngaro???
Será que essa inteligência científica raríssima acha mesmo que alguém vai ler e, por consequência, citar o tal artigo???
Deveria ser contra a lei e dar até pena de morte para quem não publicasse em inglês! :x

domingo, 15 de agosto de 2010

Esse vai seguir o exemplo do irmão!

Gente, esses meninos têm uma energia que vocês nem imaginam! E aprontam, viu? às vezes é difícil manter a paciência. Outro dia, eu falei, pela enésima vez, que não precisava berrar pela casa para brincar. Falar um pouco mais baixo pode ser legal também. Até que eu caí das tamancas e fui com tudo:

- O QUE É ISSO, HEIM???? EU JÁ NÃO DISSE QUE É PARA PARAR DE GRITAR???? QUEM É SURDO AQUI??? PERDI A PACIÊNCIA, VOU COLOCAR OS DOIS NO CASTIGO!!! QUEM É QUE ESTÁ GRITANDO????

Os dois ficaram me olhando por uns segundos, calados, até que Daniel resolve se manifestar:

- Eu nao estou gritando. Victor não está gritando. A gatinha não está gritando. Só quem está gritando agora é você, mamãe!


E não é que era mesmo? ha ha ha ha

sábado, 14 de agosto de 2010

Hierarquia

Ontem eu deixei os dois na banheira, que enchia, e fui sentar no sofá para ler umas coisas. O tempo resolveu passar depressa e quando me dei conta e fui acabar de dar o banho nos meus anjinhos, achei o recinto A-LA-GA-DO e meus rebentos brincando de fazer trampolim...

- Nossa, Victor, o que é isso????? Que bagunça é essa????
- O Daniel também fez!
- É, mas você é o irmão maior: tem que tomar conta pro Daniel não fazer besteira!
- Pois é, mamãe: você é "mais grande" que eu e também tem que tomar conta pra eu não fazer besteira!

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E não é? :)

domingo, 1 de agosto de 2010

Temporariamente fora do ar - Out of order

Por motivo de férias no Rio. Esse foi um dia típico de inverno :)
This was a typical winter day in Rio :)


sexta-feira, 9 de julho de 2010

Imigração, Choque Cultural e Saúde Mental

Desde que o mundo é mundo e que a espécie humana habita o planeta Terra, as migrações são fatos comuns e corriqueiros. A própria história da nossa civilização segue o viés das migrações humanas. Os primeiros aventureiros mais audaciosos, saíram do berço Africano para conquistar todos os outros continentes, há cerca de 90 mil anos, e nunca mais pararam. Com isso, foram transformando o nosso lar, chamado Terra, em uma casa de cômodos e, a cada cômodo foi dado um nome. O cômodo que eu morava antes de vir para cá se chama Brasil.

Hoje em dia, no nosso mundo globalizado, as movimentos humanos tomaram proporções nunca antes vistas na história da civilização humana. Estima-se que, por ano, cerca de 190 milhões de pessoas emigram e imigram ao redor do planeta; o número de imigrantes no mundo é mais que o dobro desde 1975; só na Europa são mais de 60 milhões de pessoas que vivem longe de seus países de origem; em 1990, os imigrantes já contavam como mais de 15% da população em cerca de 52 países. E a Organização Internacional de Migração prevê que o crescimento econômico e as políticas cooperativas emergentes entre os países europeus, vão aumentar ainda mais o movimento migratório nos próximos anos. Os países mediterrâneos, juntamente com o Reino Unido e Holanda são os que mais atraem imigrantes não-europeus, ou seja, grupos culturais mais distantes se comparados com o país que os recebe. Isso é um problema porque o contato entre pessoas de culturas diferentes durante o processo de adaptação e integração é tão maior quanto o são suas distâncias culturais.

De todas as mudanças que podem acontecer na vida de uma pessoa, poucas são tão impactantes e complexas quanto as mudanças ocorridas durante um processo de imigração. Praticamente tudo o que cercava o emigrante muda. Aspectos que vão desde alimentação, passando por relações familiares e sociais, idioma, cultura, status pessoal e social e até pelo clima são sujeitos à mudança. Mudar de país é comparável ao processo de luto. E pode-se dizer que o distress no imigrante é ainda pior que o luto por perda de um ente querido, uma vez que o objeto de luto (o país de origem) continua lá: vivo e, muitas vezes, inacessível. E nisso o processo de resolução do luto, nesse caso a integração ou aculturação, pode ser prolongado ou mesmo impossível de acontecer de modo completo.

As pessoas saem de seus países de origem por vários motivos diferentes, mas podemos resumir a imigração como sendo de duas formas: voluntária e involuntária. E já dá para imaginar que o imigrante involuntário, como por exemplo um refugiado de guerra ou asilado político, vai sofrer muito mais com a mudança do que uma pessoa que imigre para estudo, trabalho ou casamento, concordam? E não podemos esquecer dos imigrantes ilegais, que apesar de serem também voluntários, estão dentre os que mais vão ter problemas pelo fato de estarem constantemente preocupados com uma deportação e por terem se enganado em suas expectativas de ‘mudança de vida’. Mas não tem escapatória: todos os imigrantes, independente de seus motivos para deixarem a pátria, vão experimentar o ‘choque cultural’, ou seja, o imigrante vai , por causa do contato com uma cultura diferente, enfrentar problemas relacionados aos vários fatores estressantes que esse tipo de experiência carrega consigo.

O choque cultural foi inicialmente descrito em 1954 e é definido como o sentimento de impotência em lidar com o novo ambiente por causa do desconhecimento dos aspectos cognitivos, culturais e sociais que são estranhos ao indivíduo. Além do intenso stress causado pelas diferenças culturais, a fadiga cognitiva, consequência do excesso de informação, também vai ser importante fator causador de desequilíbrio na saúde psicológica e física do indivíduo. Além da linguagem verbal, a pessoa passa a se preocupar e se concentrar em tarefas que antes eram feitas automaticamente. Isso pode resultar em exaustão mental e emocional, que pode levar a um ‘burnout’. Dores de cabeça e o desejo de se isolar socialmente, especialmente ao fim do dia, são sintomas iniciais comuns.

Um dado consistente de pesquisas mostra que os imigrantes sofrem mais de distress emocional e apresentam saúde mental mais debilitada quando comparados à população nativa. O processo de adaptação à nova cultura é relacionado com maiores níveis de depressão, ansiedade, baixa auto-estima e outros problemas psicológicos. O distress pode causar também problemas orgânicos, relacionados à baixa imunidade, e dores no corpo. A pessoa preocupa-se muito com a saúde e pode sofrer de dores crônicas, por exemplo. Junte-se a isso perda de posição social e profissão que antes eram estáveis e conhecidas e temos uma verdadeira catástrofe emocional formada!

Os problemas de saúde mental são tão evidentes na população imigrante que, recentemente, os pesquisadores propuseram agrupar esse conjunto de sintomas, que se apresentam nas pessoas que imigraram e que têm um nível de stress maior do que suas capacidades de adaptação, na chamada ‘Síndrome do Stress Crônico e Múltiplo do Imigrante’ ou ‘Síndrome de Ulisses’. O manejo dessa síndrome está sendo considerado, em muitos países, como prioridade de saúde pública. Nessa recém-descrita entidade patológica, os imigrantes são afetados por sintomas depressivos de características atípicas, onde a depressão é misturada com sintomas de ansiedade, somatização e sintomas dissociativos. A tristeza é o achado mais comum, muitas vezes acompanhado por choro, culpa, idéias de morte, tensão, irritabilidade, insônia, dores de cabeça, fadiga, problemas de memória e de atenção e desorientação. Em casos mais graves, isso pode levar à quadros psicóticos, com perda de identidade e desorientação de tempo e espaço.

O desenvolvimento dos sintomas ocorre de forma gradual , à medida que o imigrante enfrenta problemas como viagem turbulenta e difícil, distância de seu ambiente e familiares, dificuldades de arrumar emprego e de suprir as necessidades básicas, achar moradia e regularizar os documentos. O racismo sofrido no país hóspede também é um fator desencadeante do processo.

Normalmente os problemas acontecem nos primeiros 12 meses, mas imigrantes que se adaptaram mais fácil e rapidamente, também correm risco de sofrer de ‘Síndrome da Depresão Postergada’ , que acontece cerca de 2 a 3 anos após a chegada do imigrante que parecia adaptado, com emprego, falante do idioma , com rede de amizade e moradia estabelecidas.

Na Holanda, um dos poucos países com dados sobre níveis de saúde física e mental em grupos de imigrantes comparado com nativos, é sabido que o primeiro grupo sofre mais de depressão, abuso de drogas, tentativas de suicídio, esquizofrenia e desordens psiquiátricas de menor importância que a população local. Além disso, a barreira cultural, sócio-econômica e de linguagem são fatores limitantes na procura de orientação profissional por parte de vários grupos de imigrantes. Em um estudo em escolas, também foi constatado que professores turcos imigrantes foram capazes de detectar altos níveis de de ansiedade e depressão entre crianças imigrantes de mesma nacionalidade. Esses problemas tinham passado desapercebidos pelo professores holandeses. Existe, portanto, uma necessidade de profissionais bilíngues e biculturais para o atendimento específico desses problemas. Mas como no país dos tamancos, especialmente na última década, a integração cultural é tratada como ‘assimilação’, ou seja, a cultura holandesa é imposta sem considerar as necessidades dos imigrantes, estamos em maus lençóis!

O primeiro passo para vencer o problema é aceitar que o choque cultural é normal em um ambiente cultural diverso e que existem maneiras de amenizá-lo e de fazer com que a adaptação ocorra mais tranquila e gradualmente. E como fazer para facilitar todo esse processo? Veja abaixo algumas dicas:

1. Reconhecer que a adaptação à uma nova cultura, também chamada de ‘aculturação’, é o processo de contrução de um novo ‘EU’, resultado do casamento do ‘EU’ antigo com algumas mudanças de hábitos sociais e cuturais. Não é preciso e nem saudável assimilar completamente a cultura do novo país. Uma sinergia de valores, hábitos e comportamento social seria o ideal;

2. Procure manter contato com os familiares e amigos de seu país. Arme-se de tecnologia: skype, emails, MSN e outras ferramentas modernas são válidas;

3. Tente cozinhar pratos típicos uma ou duas vezes por semana em casa. E você não é obrigado a gostar de comer pão de grãos com queijo e sopa no almoço todos os dias;

4. Faça visitas a seu país sempre que for possível, mas esteja consciente de que a volta pode ser difícil, mas que vai passar (de novo);

5. Mantenha contato com seu idioma através de TV por assinatura ou internet, amigos de mesma nacionalidade e leitura de livros, revistas e notícias em português. Mas cuidado! Não se isole nisso e tenha também contato com imigrantes de outras nacionalidades e holandeses;

6. Tente ver a experiência de imigrar de forma positiva, como uma oportunidade de aprender e de ganhar coisas igualmente positivas;

7. Tenha em mente que o problema não é especificamente desse país, mas sim do choque cultural, o que aconteceria em qualquer outro lugar;

8. Não encare como vergonha o fato de resolver voltar para casa. Encare como coragem, pois o choque de re-entrada pode ser de maior intensidade, embora de menor duração;

9. Não hesite em procurar ajuda psicológica, caso veja que as coisas não estão indo bem. E, se possível, tente achar um profissional que esteja familiarizado com problemas de grupos imigrantes.

Espero, sinceramente, caros leitores, que esse texto tenha sido útil. E hoje em dia, embora eu ainda sofra com as fases do choque cultural, tenho cada vez mais a certeza de que meu país se chama Terra. E o seu, como se chama?

Adriana Mattos, em 08/05/2010.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Presente de Paris

Ontem eu voltei de um passeio a Paris. A cidade é realmente bonita, mas isso vai ser asssunto para outro post. O que quero contar hoje é mais bonitinho. Comprei 1 caixa de biscoitos do Homem-aranha para cada um; nunca tinha visto aqui e como eles adoram o personagem, achei que fosse agradar e acertei em cheio! Os dois abriram as caixas, contaram os biscoitos e acharam a figurinha. Depois guardaram com todo o cuidado na geladeira porque estava calor e a cobertura derretia.

- Victor, você mostrou pro papai o presente que mamãe trouxe de Paris?
- Kijk, papa, wat mama voor mij heeft gekocht in Frankrijk!
- Wat leuk! heeft ze Spiderman koekjes voor je gekocht?
- Ja. Ze houdt van mij!!!

Traduzindo:

- Olha, papai, o que a mamãe comprou pra mim na França!
- Que legal! Ela comprou biscoitos do Homem-aranha para você?
- Sim. Ela me ama!!!!

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Estréia da seleção

Essa é minha segunda copa fora do Brasil, e confesso que a experiência é interessante. Em primeiro lugar, a democracia esportiva aqui é latente. Não encontram-se apenas as cores da seleção dos tamancos (laranja) nas lojas e ruas; é possível encontrar blusas e adereços de qualquer time! As cores mais populares, depois do laranja é claro, são o nosso "verde-amarelo". E não é por ter muito brasileiro aqui não: até mesmo os holandeses, especialmente as crianças, adoram vestir camisa do "favorito" da copa. Caso o país não tenha time na copa então...aí é que todos se tornam brasileiros e torcem pelo "timão".

Tudo bem que o jogo foi contra a Coréia do Norte, tava no papo, né? Mais ou menos. Pô, levamos até um gol! Achei que fosse mais fácil!!!

O mais legal de tudo foi ter ido a um bar com um telão assitir a partida com algumas amigas. Tinha gringo filmando, tinha gringo pedindo silêncio, tinha gringo de blusa do Brasil, tinha gringo tentando falar português (descobriram que se fala português e não espanhol no Brasil, o que já é um avanço!), tinha pandeiro e tudo o mais. E tinha muita mulher brasileira.

E daí começa o jogo:

- Adri, por que eles não estão usando verde e amarelo???? Que absurdo! Já começou mal!
- Vai ver porque esse é o time da Coréia, é?

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- Será que veio algum chinês torcer aqui no bar?
- O jogo é contra a Coréia do Norte.
- É??? Ah, mas olha só: eles não aprecem chineses?

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- Como é nome do goleiro? Ele até que é bonitinho, né?
- Ai, menina, esqueci o nome dele, mas é casado com a Luana Piovani.
- Sério???
- Sim. E têm um filho.
- Dois. Uma menina também.
- Hummmm. Será que ele agarra bem?

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- Gente, só tem homem feio!
- Foca nas pernas, foca nas pernas...
- Uia! Câmera lenta nas pernas!! u-huuuuu
- Ai, se as pernas são assim, imagina a bunda! ui-ui.

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- Por que que de vez em quando aquele cara ali do canto mostra uma bandeirinha amarela?
- Tem vermelha também.
- Só vi amarela. Pra que que serve?
- Sei lá, mas a vermelha não deve ser nada boa...

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- Ah, tem uns que salvam a pátria. O Kaká, por exemplo, até que dá um caldo.
- Mas deve ser um chato.
- Por que?
- A mulher deu uma entrevista e disse que realizou o sonho da vida dela: casou virgem.
- Ai, então eles se merecem! Imagina um cara que casa com uma moça cujo sonho de vida é ser virgem até casar???
- Ai, olha ali o gol!!!!!!!! Pôxa, nem vimos.
- Outro, outro, outro!!!!!
- Não, esse foi re-play!
- Que pena...

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- Gente, fala sério! Como será que o Galvão Bueno tá fazendo pra distinguir entre um chininha e outro? Será que ele chama pelo nome?
- Aposto que é pelo número!

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- Ai, coitado do japinha! Levou um chute na canela!
- Quem sabe assim ele não abre o olho?
- Abrir o olho não pode! imagina se ele acerta o gol?
- É mesmo...

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- Gente, só tem jogador desconhecido! Cadê o Ronaldinho?
- Tá gordo, né?
- E o outro, o dentuço?
- Esse é muito feio! Você queria ele jogando pra que??? Pra ver mais homem feio?
- Menina, você já viu o time na Itália? Aquele que é time!!!

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- Ai, olha lá! Tomamos um gol! E da CORÉIA DO NORTE!!!! Ai, que vergonha.
-Imagina se a gente perde? Como vamos voltar pra casa e encarar os maridos holandeses?
- Ainda bem que o meu é brasileiro!
- Só não estou entendendo uma coisa: por que não convocaram o Tafarel???
- Ai, lembra? "Vai que é tua, Tafarel!!!!!"
- Tinha que lembrar do Galvão Bueno? Ele é um chato!
- Tá, mas cadê o Tafarel? Se fosse ele a bola não tinha entrado!
- Tafarel??? Mas daqui há pouco vão estar falando do Pelé!

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-olha lá! Olha a cor dos casacos dos reservas! Por isso que perguntei se não estavam de verde e amarelo...
- Sei, sei...
(e só levou 90 minutos pra arrumar a desculpa)

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Bem, ganhamos!!!! Mas será que com esse time chegamos à vitória da copa? Um time que levou um gol da CORÉIA DO NORTE e, ainda por cima, cheio de homem feio?

Acho que sim, né? Em toda copa a seleção dá uns vexames e no fim sai tudo bem (menos naquele ano que perdemos pra França...ai, não me conformo! Que ano foi mesmo, heim?).

Mas eu só tenho uma pergunta:

- Por que o Dunga estava com aquela blusa de gola rolê PRATEADA????? Só faltavam os paetês, né, bem???

sábado, 12 de junho de 2010

Só para exemplificar

Nesse vídeo, feito há uns dias num parquinho do zôo de Emmen, dá pra ver bem como o Daniel é mais calminho e cuidadoso e como Victor é mais agitado e destemido...rsrsrs

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Independência ou sorte?

Victor é uma criança muito independente. Desde novinho já gostava de comer sozinho, colocar a roupa, andar sem dar a mão e outras coisas do tipo. É o tipo "safo", para tudo ele acha solução. E nós que nos cuidemos, porque ele também acha que sabe tudo melhor que qualquer outra pessoa! Essa parte acho que é genética, do lado do pai..rs rs rs
Victor "perdeu" o papai pela segunda vez na semana passada. A primeira vez foi no zôo e nós quase infartamos. Dessa vez foi no supermercado Jumbo, que fica há uns 300m de casa.

- Adriana, vou ao Jumbo e Victor vai comigo. Daniel, você quer vir também?
- Não. Vou ficar com a mamãe.
- Ok, tchau!

Passam-se uns 15 minutos e toca a campainha. Abro e vejo Victor...SOZINHO!

- Victor, o que houve? Cadê o papai?
- Eu "perdeu"o papai e voltei pra casa, ué!
- Mas Victor, você não pode sair de perto do papai e nem andar na rua e voltar pra casa sozinho, você não sabe disso?
- Sei. Mas mãe, meu papai sumiu. Eu ia ficar sozinho no Jumbo? Também não pode, né? Aí eu voltei pra casa, ué!


Bem, resolvi dar uma "torturada" no papai. Quem sabe sofrer por uns minutinhos não ia ensinar que ele não pode tirar o olho de uma criança como Victor nem por um minuto? Depois de 10 minutos, já estava ficando preocupada...vai que Bert tinha tido um troço e estava desmaiado por aí? Deixei os dois na frente da TV e tranquei a porta ( o Jumbo fica quase colado à casa).

Fui andando e papai vinha saindo do Jumbo, já hiperventilando (ha ha ha).

- Bert, onde está o Victor?

Como eu estava calma e com cara de poucos amigos, ele deduziu logo o que aconteceu.

- Ele está em casa, não?
- E porque ele estaria em casa SEM VOCÊ?
- Porque ele saiu de perto de mim e eu não vi. Daí, como ele é uma criança inteligente, deve ter voltado pra casa quando notou estar perdido.
- E você nem ficou preocupado? Qualquer dia você infarta! Olha só o seu estado...além do mais, o Zôo não serviu de lição? Você bem sabe que não pode tirar o olho dele nem por um segundo e ....
- Mas eu estou bem, você que é preocupada demais. Aqui nada pode acontecer, estamos pertinho de casa. Claro que eu não fiquei com nervoso, eu tinha CERTEZA que ele voltaria para casa, ele sabe o caminho!
- Tá, então vamos pra casa?
- Vamos...ahn...primeiro deixa eu avisar o pessoal do supermercado que eu encontrei o Victor.


Pois é, foi só porque Bert NÃO estava preocupado que todos os funcionários e clientes do supermercado estavam procurando um menininho louro de blusa vermelha. E só por essa falta de preocupação é que estavam anunciando no microfone, né não? :):)

segunda-feira, 31 de maio de 2010

E lá se foi o segundo dentinho!

- Victor, meu amor, você perdeu o outro dentinho! Caiu onde?
- Hummm...na escola!
- E você guardou pra poder colocar na caixinha junto com o outro?
- Hummm....errrr....hummmm...
- Colocou no bolso? na mochila?
- Hummm...

Daí ele lembra e faz cara de choro imediatamente:

- Eu "comeu"o meu dentinho...buáááá

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Dia das mães atrasado

Sei que o dias das mães já passou e que eu estou meio atrasada pra escrever esse post, mas é que foi tão fofo que eu não poderia deixar de contar aqui...

Victor e Daniel saíram com o pai para comprar meu presente do dia das mães e compraram. Victor resolveu me dar um "agradinho extra". Veio com essa boneca e falou assim:

- Olha, mamãe, você é uma princesa. E também uma menina. E meninas gostam de ganhar princesas e foi por isso que eu comprei essa aqui pra você!


terça-feira, 25 de maio de 2010

Bicicleta nova!

Hoje Victor, finalmente, ganhou a bicicleta nova. A antiga estava pequena e ele deu pro irmão. Meu bebezão ficou tão feliz que ficou até fazendo carinho no brinquedo novo ainda na loja. Tem tudo o que ele queria: luz, buzina, descanso e cadeado.

Depois da compra ele ficou desfilando pela cidade, todo orgulhoso. E estava muito ansioso pra mostrar pro irmão.

Ah, sim! Também fomos à dentista e está tudo em ordem. Depois cortou o cabelinho (não ficou fofo?) e daí fomos tomar sorvete pra comemorar o dia e o grande evento do ano: a bicicleta nova!
Bem, nem tudo são flores e ele brigou comigo quando tirei uma das chaves do cadeado pra guardar (imagina se ele tranca e perde as DUAS chaves?). Ele ficou triste e soltou essa:

- Olha, mamãe, eu estou muito triste contigo porque você tirou uma chave da minha bicicletinha linda. Eu nunca mais vou te dar beijos!
:(



domingo, 23 de maio de 2010

Dia de sol

São cerca de 25 dias de sol, céu azul e temperatura agradável na Holanda. Hoje foi um dos poucos dias do ano que saiu perfeito!

Fomos ao zôo, e acreditam que Victor lembrou o que eu expliquei da última vez que estivemos lá?

- Mamãe, olha, essa é borboleta porque pára de asas fechadas e aquela é mariposa porque pára de asas abertas!






Victor até deu comida pra girafa!


Que idioma você fala com seu(s) filho(s)?