terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Professora sim, tia não.

 Ao fim do primeiro dia de escola em Terra Brasilis, Daniel já levantou uma dúvida mais que cruel:

- Mamãe, a professora também é minha tia?
- Não, meu amor.
- Então por que eu "tem" que chamar de tia?
- No Brasil as professoras também podem ser chamadas de tia, Dandan.
- Por que?
- Porque é um costume.
- O que é costume?
- It's a habit.

Victor logo vem em socorro do irmão:

- Mas se é professora e não é tia, porque as pessoas têm o habit...hummm...o "costrume" de falar "tia"?
- Ué, porque sim. Um costume muitas vezes não se explica...todo mundo faz e daí vira um costume. (ok, ok, eu não sabia o que responder)

[Pausa para dois pequenos cérebros pensarem]

- Mas mãe, eu não quero chamar a professora de tia!
- Então chame de "professora". Não tem problema.
- Mas e se ela não souber que é "professora"e achar que o nome dela é "tia" porque todo mundo chama de tia?


* Ui, ui, será que é muito cedo para introduzir Paulo Freire nas historinhas de antes de dormir? Minhas explicações não estão convencendo mais...

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Mala e cuia

Nossa, já faz bastante tempo que não atualizo o blog! Algumas pessoas cobraram notícias por aqui e agora com um pouco mais de tempo, vou tentar atualizar as coisas J
Bem, desde a última postagem, a vida deu uma voltinha de 180 graus. Terminei o doutorado, separei e resolvi voltar pro Rio (não necessariamente nessa ordem...he he he). Desde outubro viemos de mala e cuia para a cidade maravilhosa continuar nossa aventura pela vida, que como é uma só, deve ser vivida e aproveitada até a última gota.
A decisão de voltar ao Brasil foi muiltifatorial, mas não vou me esticar muito no assunto. Algumas coisas me empurrando de lá para cá e outras me puxando de cá para lá e assim, quando me dei por conta, já estava em Terras canarinhas.
Groningen foi minha casa por 9 anos e lá aprendi muitas coisas novas, fiz amigos fantásticos e tive meus dois tesouros. A Holanda será minha segunda casa para sempre, com certeza. Ainda mais agora que tenho a cidadania e sou oficialmente holandesa. Alem dos amigos, sentirei muita falta dos colegas e alunos do HIT. Foi muito legal ter sido professora lá nesses últimos 2 anos.
Mas o Rio...ah, o Rio é o Rio! E quando disse que voltei para casa, isso aconteceu também profissionalmente. Voltei pro Fundão. Pro mesmo instituto. Pro mesmo laboratório. Então é casa MESMO.
Os meninos estão se acostumando bem, afinal eles falam o português desde sempre e todos os anos vinham de férias. Ainda sentem falta da Holanda, dos amigos e da escola, mas estamos aqui há apenas 2 meses e é natural. E não é coisa definitiva: só uma inversão. Ao invés de virem passar férias aqui, vão pra Holanda. Na escola vão muito bem. Já lêem em português e começam a escrever também. Eu tive muito receio no início, já que além de todas as mudanças na vidinha deles, a escola não era uma acostumada a lidar com crianças bilíngues.
E por enquanto estamos indo muito bem. O desafio agora é manter o inglês e o holandês, mas acredito que essa tarefa vai ser bastante complicada, uma vez que as oportunidades que o Brasil oferece ao aprendizado de outros idiomas são muito limitadas. Sem contar com o preconceito e falta de informação a respeito do assunto pela população de modo geral.

A síndrome do regresso ainda não bateu na minha porta; espero que passe longe, mas nunca se sabe. Já tenho alguns “causos” para contar, mas fica para uma próxima vez.









terça-feira, 16 de abril de 2013

Filosofando





 Novo questionamento do milênio:

Por que será que eu me sinto absurdamente livre quando vou ao Brasil?


Poderia sentir alegria, felicidade, tristeza, irritação, inquietação ou qualquer outra coisa. Mas e aí?




  LIBERDADE







terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Canção do exílio

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar – sozinho, à noite –
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que disfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.


(Gonçalver Dias, 1843)

Que idioma você fala com seu(s) filho(s)?