sábado, 18 de setembro de 2010

Um dia tipicamente holandês

Aqui na Holanda, pelo menos na universidade onde trabalho, os grupos têm um "Lab day" todos os anos. Durante esse dia festivo, os membros dos grupos de pesquisa passam o dia a fazer atividades juntos (dizem que é para estreitar os laços). Esse ano foi meu sexto "Lab Day" e achei tudo tão típico que resolvi documentar por aqui.

E por que eu digo que foi típico dia holandês?

Primeiro a começar pelo tempo. Estava um pouco frio (para os brasileiros eu diria MUITO frio) e choveu uma chuva chata o tempo todo. Isso é típico.
Segundo porque, mesmo com o mau tempo, nada foi cancelado e não tinha nenhum plano "B". O planejamento detalhado e falta de flexibilidade frente a algum problema também são típicos. O percurso de 8Km até o local do "evento" foi feito de bicicleta debaixo de chuva (quer coisa mais típica?). Eu fui logo tratando de pegar carona de carro com a Patrícia, outra brasileira do grupo.
O terceiro lugar em "tipicidade" foi para as atividades ao ar livre. Holandeses adoram o contato com a natureza e adoram fazer esforço físico...rsrsrs. O "grupão"foi dividido em grupos menores que iriam competir entre si. Tivemos que construir uma balsa e usá-la; corrida de obstáculos; arco e flexa; fazer uma torre de madeira e subir nela e mais outras coisas que eu não conseguiria explicar direito. Mas cada grupo ia em separado e um não via o que o outro fazia (cadê a graça?).
No quarto lugar ficou a preocupação ambiental. Já explico; vamos colocar num contexto:
Por causa das três razões anteriores, vocês já devem imaginar a situação do pessoal ao fim da tarde, certo? Bem, a maioria dos holandeses e nenhum estrangeiro (que deve ser a metade do grupo) levou toalha e roupas extras. Eu cheguei no salão de jantar molhada, suja de lama, com frio e cansada. Vi que o primeiro grupo já estava debaixo de um aquecedor de teto bem gostoso e todos tomavam cafés ou chás. Ótima idéia! Fui lá pedir meu capuccino! O rapaz do bar deixou o leite fervendo e espumante escorrer e molhou ao redor do copo de papel. Eu pedi um guardanapo para limpar e daí é que veio a preocupação ambiental: aqui nessa terra a coisa mais difícil de encontrar é guardanapo! Pode ser o quitute mais gorduroso do mundo, mas nada de guardanapo. Às vezes eles têm escondido e só dão UM, se a pessoa pedir; os outros que se contentem em lamber os dedos (e lambem!) ou limpar na roupa (e limpam!). Quem sai com criança leva uns lencinhos úmidos descartáveis para limpar os filhos e alguns até se aventuram na pia do banheiro, quando é possível.
Pois bem, voltando ao assunto do meu copo de papel sujo de leite quente, o rapaz do bar foi muito simpático e solícito e deu uma olhada em volta e disse que não tinham guardanapos e fez uma brincadeirinha sobre a importância de preservar a natureza (dããã), mas me pediu pra esperar um pouco. Daí ele entra por uma portinhola e sai alguns segundos depois segurando um bolinho de papel higiênico! Como já etsou acostuma com essa finesse tipicamente européia, aceitei, agradeci e limpei meu copo de papel com papel higiênico.

Viu como funciona a lógica holandesa? Guardanapos de papel poluem o ambiente e não devem ser usados ;)

Mas falando sério...apesar das tipicidades norte-holandesas, o dia foi agradável e divertido! (e essa semana tá cheio de gente de nariz entupido e com dor de garganta no trabalho)






quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Dores alheias

Na quinta passada Victor sofreu um acidente na escola, na aula de ginástica. Ele caiu de rosto num banco e cortou a testa, bem entre os olhos. Ainda bem que papai estava numa reunião na escola e foi ele e a professora que o levaram para o PS, onde os encontrei. Meu bebezão estava assustado e sangrava muito, foi bem profundo! Levou 2 pontos e hoje, 6 dias depois, o levamos para tirar a sutura. Eu estava com ele na maca, segurando suas mãos e fazendo usn carinhos para acalmá-lo. Daniel estava sentado no cólo do papai logo em frente. Daí a auxiliar da médica começou a puxar a linha para cortar e começamos a escutar (em português):

- Ai, hummm, ai, ai! Pára que eu tô com dor na barriga! Ai! não!!!! ui, ui!

Era Danielzinho sofrendo pelo irmão, tadinho!

Aí a moça diz pro Victor (em holandês):

- Nossa, você tem um irmão muito legal que gosta de você, não é, Victor?
- É, eu sei.

Bem, terminado o "serviço" fomos embora: Victor de testinha nova e Daniel ainda com cara de sofrimento.


domingo, 5 de setembro de 2010

Pedalando em família

E depois de mais de 6 anos de Holanda, eu sucumbi e resolvi deixar papai colocar uma cadeirinha na bicicleta. Victor já está expert na pedalagem (deve ser genético!) e terminou o percurso, de mais de uma hora, em melhores condições que mamãe.






Que idioma você fala com seu(s) filho(s)?